Onde se faz trombólise endovenosa para o AVC no Brasil?

Pergunta básica.

Centros / hospitais capazes de atender BEM o AVC devem – em tese – fazer o básico, que é trombolisar. A partir daí, supomos que aquele centro capaz de reconhecer e tratar com trombólise um doente com AVCI é capaz de atender a maioria dos casos de AVC…

Inicio assim, para fazer uma pergunta, e pedir a colaboração de todos – TODOS – os colegas leitores para tentarmos mapear, com o conhecimento dos neuros locais, onde você indicaria, levaria, sugeriria o seu paciente a ir, numa emergência de um AVC.

Centros onde você sabe que, naquele, poderá ter a chance de escapar de uma incapacidade, de receber o melhor tratamento, excelência em AVC.

Ajude-nos, CLICANDO NO LINK COMMENTS – ali em cima, no comecinho do post, na sua cidade ou região, qual é esse Hospital. Se quiserem especificar se há no hospital capacidade de apenas trombólise EV, ou se no centro há estrutura de trombectomia, será mais uma informação a ser dada…

Este pedido é para atualizar a lista de hospitais capacitados, listados no App da Sociedade e da Rede Brasil AVC, o AVC Brasil, lançado esta semana.

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Instale o APP no seu smartphone, ligue a ferramenta de localização geográfica, e veja quais hospitais estão listados para você.

Caso reconheça algum hospital que NÃO FAZ TROMBÓLISE ou não tem estrutura para este atendimento – nos avise. Caso sinta falta de algum hospital local, nos mande aqui.

Sua colaboração é muito importante para melhorar mais esta ferramenta de combate ao AVC.

OS PACIENTES COM AVC IRÃO TE AGRADECER.

Aplicativo AVC Brasil – Rede Brasil AVC

A Rede Brasil AVC lançou ontem nas redes sociais, com um vídeo da cantora Paula Fernandes, o Aplicativo AVC Brasil. O aplicativo GRATUITO já está disponível nas lojas dos sistemas Android e IOS.

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A proposta do aplicativo é mostrar informações sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e informar geograficamente os hospitais especializados para o atendimento da doença de acordo com o local onde o usuário acessa o app. E uma das funções mais legais é a possibilidade de chamar o serviço de emergência, contato pessoal do usuário ou hospital de contato, apenas com 3 toques no celular, bastando para isso cadastrar o número de seu familiar numa emergência, e do hospital onde quer chamar nestas situações.

Ou seja, muito legal!

Tempo para o tratamento na trombectomia: Metanálise na JAMA

Acesso free.

Quanto mais tempo demorou a trombectomia, menores diferenças de tratamento foram observadas:

  • cOR em 3h, 2.79 (95% CI, 1.96 to 3.98), absolute risk difference (ARD) para melhor escore funcional, 39.2%;
  • cOR em 6h, 1.98 (95% CI, 1.30 to 3.00), ARD, 30.2%;
  • cOR em 8h,1.57 (95% CI, 0.86 to 2.88), ARD, 15.7%.

Na análise, trombectomia realizada além de 7h e 18 minutos não teve diferenças em relação ao rTPA EV.

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Pra fazer após 7h… Ficamos na mesma…

 

LINKS

Saver et al. Time to Treatment With Endovascular Thrombectomy and Outcomes From Ischemic Stroke: A Meta-analysis. JAMA 2016.

Guidelines para Esclerose Múltipla

Finalmente, estão quase para sair dois importantes guidelines – americano e europeu, para o tratamento da esclerose múltipla (EM). No recente ECTRIMS que aconteceu em Londres este mês, o comitê do ECTRIMS em conjunto com a Academia Europeia de Neurologia (EAN) debateu este iminente consenso em uma das sessões apresentadas.

Nos EUA, a Academia Americana de Neurologia postou no seu site – AQUI, uma espécie de consulta pública aos neurologistas, para o envio de feedbacks até a data de 8 de outubro.

LINKS

Review and Comment on Disease-modifying Therapies for Multiple Sclerosis Evidence-based practice guideline. Site da AAN.

Esboço do Guideline proposto pela AAN.

Manejo neurointensivo do hematoma intracraniano na Critical Care

tags: hematoma intracraniano, AVCH, manejo neurointensivo, NeuroUTI, expansão do hematoma, tratamento do AVCh, pressão arterial no AVCh

Artigo show do colega Leonardo Manoel, na Critical Care deste mês. Trata-se de uma revisão super atualizada do manejo de pacientes com hemorragia intraparenquimatosa, o AVCh, abordando a fase crítica destes pacientes, como a estabilização inicial, diagnóstico, graduação de severidade dos casos, manejo da pressão arterial e expansão do hematoma.

AVCH-expansao
O artigo está com acesso aberto na revista.

LINKS

de Oliveira Manoel et al. The critical care management of spontaneous intracranial hemorrhage: a contemporary review. Crit Care 2016.

UIAT score: Mais um para o tratamento de aneurismas intracranianos não-rotos

tags: UIAT score, escore UIAT, ruptura de aneurisma incidental, aneurisma cerebral, aneurismas não-rotos, escore preditor.

Não é novo, foi publicado no ano passado. Além do PHASES, que tem suas falhas, e até mencionamos aqui, este outro, o Unruptured Intracranial Aneurysm Treatment Score, ou UIATS, pode ser mais uma ferramenta para responder as dúvidas dos pacientes quanto a tratar ou não tratar aneurismas incidentais.

Clique abaixo na imagem, para ampliá-la.

uiat-score

LINKS

Etminan et al. The unruptured intracranial aneurysm treatment score A multidisciplinary consensus. Neurology 2015.

Leticia Duarte. Escore PHASES para predição de ruptura de aneurismas incidentais. iNeuro.com.br.

Greving JP, Wermer MJH, Brown Jr RD, Morita A, Juvela S, Yonekura T, Torner JC, et al. Development of the PHASES score for prediction of risk of rupture of intracranial aneurysms: a pooled analysis of six prospective cohort studies. Lancet Neurology 2014.

RESCUE-icp publicado na NEJM

Hipertensão intracraniana refratária em casos de trauma craniano grave. Esta dica de trial publicado veio do nosso colega Dr. George Passos, residente da neurocirurgia da Santa Casa de Ribeirão Preto, neurocirurgião diferenciado, sempre ligadíssimo nos papers e estudos clínicos mais quentes.

Primeira observação minha: A NEJM quer acabar com a Neurotraumatologia mundial. Só pode ser…

DECRA negativo. BEST-TRIP negativo.

Agora, RESCUE-icp negativo. Tá certo. A gente já sabia, os dados já tinham sido apresentados em congressos. Mas tinha que ser de novo na NEJM???!!!! Jesus…

A neurocirurgia tem que benzer essa revista. Por Deus!!!!!

O estudo RESCUE-icp avaliou um grande número de pacientes com TCE grave, que desenvolveram hipertensão intracraniana e não responderam à terapia clínica inicial universalmente preconizada – cabeceira elevada, normoventilação, sedação e analgesia (com ou sem paralisia muscular) e monitorização da PIC com manejo da PPC e PIC com ventriculostomia e osmóticos, incluindo também terapia com hipotermia.O artigo detalha estes tratamentos e os estadios no passo a passo do manejo de hipertensão intracraniana.

A leitura do paper é muito legal. Já vale super a pena pela aula de como tratar hipertensão intracraniana. Tem uma figura muito legal do algoritmo usado no trial. E a terapia médica no grupo controle envolvia o uso de barbiturados apenas em ÚLTIMA ANÁLISE…

Atenção. Letrinhas garrafais de “recadinho” para os amigos neurocirurgiões que ADORAM entrar com tionembutal no minuto zero de tratamento de HIC…

Resultados.

O trial estudou pacientes de 10 a 65 anos com TCE grave, TC crânio anormal e monitor de PIC locada, que evoluiam com PIC > 25mmHhg refratária entre 1 a no máximo 12 horas. Foram randomizados 408 pacientes em 52 centros, sendo 71% dos casos na Grã-Bretanha.
Nos desfechos primário e secundários medidos, cuja variável principal foi a escala funcional Glasgow Outcome Scale (GOS) extendida, a terapia ativa – que consistia em craniectomia descompressiva, podendo ser unilateral (hemicraniectomia) ou bifrontal, resultou em expressiva redução da mortalidade, mas com desvio dos pacientes que não morreram para estágios da e-GOS entre incapacidades mais severas (estado vegetativo ou incapacidades piores – veja tabela abaixo). No final da história, bons desfechos foram similares nos dois grupos de tratamento.


Conclusão

Depois do fiasco do estudo DECRA — que, detalhe, usou apenas craniectomias bifrontais, esse trial seria uma esperancinha no fim do túnel para a craniectomia descompressiva, e acabou morrendo na praia também… Outro detalhe importante é que o cirurgião poderia escolher entre hemicraniectomia ou craniectomia bifrontal, e esta última modalidade foi usada em 63% dos casos.

Falem pra mim!!!!! O estudo DECRA já tinha mostrado que isso não dava certo, e a galera resolve insistir na coisa????

E outra crítica que pode ter melado o estudo foi a possibilidade de poder se fazer craniectomia em fases finais no grupo de tratamento clínico, e isso ocorreu em 37% deste grupo!!!!

Conclusão básica do Abstract do RESCUE-icp:

“At 6 months, decompressive craniectomy in patients with traumatic brain injury and refractory intracranial hypertension resulted in lower mortality and higher rates of vegetative state, lower severe disability, and upper severe disability than medical care. The rates of moderate disability and good recovery were similar in the two groups. “

Ou, traduzindo: Deixa de morrer, e estes que não morrem ficam em estado vegetativo ou altamente dependentes. É mole?!?!?! Não sei se sento e choro, ou se comemoro.
Comemoro porque este campo continua aberto a novos estudos. Realmente, ainda em 2016, acreditem, ninguém sabe bem o que fazer com estes doentes…

LINKS

Hutchinson et al. Trial of Decompressive Craniectomy for Traumatic Intracranial Hypertension. NEJM 2016.

Shutter & Timmons. Intracranial Pressure Rescued by Decompressive Surgery after Traumatic Brain Injury. NEJM 2016.” . Editorial.