Ablação do Globo Pálido por Ultrassom focado em Parkinson: RCT publicado!

A palidotomia por ultrassom focado guiado por RM (magnetic resonance‐guided high‐intensity focused ultrasound – MRgHIFUS ou MRgFUS) em doenças do movimento, técnica utilizada, por exemplo, em tremor essencial, com foco no tálamo, agora se comprova efetiva para tratar sintomas de discinesias e flutuações motoras na Doença de Parkinson, com a ablação do globo pálido contralateral à lateralidade dos sintomas mais proeminentes. Este estudo pequeno, mas controlado e randomizado, comparando-se com o procedimento sham, foi publicado hoje.

Artigo na NEJM. Importante leitura, pessoal. Isso pode mudar a prática clínica na área de Distúrbios do Movimento…

LINKS

Krishna et al. Trial of Globus Pallidus Focused Ultrasound Ablation in Parkinson’s Disease. NEJM 2023. 

Schrag A. Focused Ultrasound Ablation of the Globus Pallidus Internus for Parkinson’s Disease. NEJM 2023. Editorial.

Critérios da MDS para Doença de Parkinson 2015

Publicados em meados de 2015, dois artigos revisam os critérios clínicos desta doença, atualizados de acordo com os avanços diagnósticos que ocorreram nos últimos anos, na genética, em reconhecimento dos sintomas não-motores e pródromos. Um deles traça diretrizes para critérios pré-clínicos, bastante úteis em pesquisas na área.

Bem interessante.

LINKS

Postuma et al. MDS Clinical Diag nostic Criteria for Parkinson’s Disease. Mov Disorders 2015.

Berg et al. MDS research criteria for prodromal Parkinson’s disease. Mov Disorders 2015.

AAN 2015 resumido em… 30 linhas

Novidades da Academia Americana de Neurologia de 2015… Em pouco mais de 30 linhas.

Highlights dissecados por neuros franceses. Publicados na Revue Neurologique.

Maravilha!!!!! Merci, Dr. Sibon et collègues !!!!

Aos neuronautas que conseguirem a façanha de ter o artigo na íntegra, pleeeease… I want!!! Detalhe, texto em francês.

Por enquanto, ficamos apenas com o abstract em inglês.

Abstract

Cerebrovascular diseases

The benefit of the thrombectomy using stents retrievers in the acute stroke phase is now demonstrated when there is a proximal occlusion of an intracranial artery, whatever its mechanism. The place of the anticoagulants in the management of cervical artery dissections remains uncertain, while the benefit of the blood pressure control in the secondary prevention of deep and lobar intracerebral hemorrhages is critical. The development of cardiac MRI, prolonged cardiac monitoring and transcranial doppler seems to improve the diagnosis of cardio-embolic sources of stroke.

Epilepsy

A specialized urgent-access single seizure clinic represents a model which reduces wait-times and improves patient access after a first fit. Co-locating a psychiatrist within outpatient epilepsy center leads to a reduction in psychiatric symptoms and people with psychogenic non-epileptic seizures. When neurologists around the world assess identical case scenarios for the diagnosis of epilepsy, concordance is between moderate and poor, showing that epilepsy diagnosis remains difficult. More than one third of elderly with new-onset epilepsy of unknown etiology exhibit temporal lobe atrophy on brain imaging.

Movement disorders

There is no major progress in the therapeutic approach of Parkinson’s disease but the discovery of new genetic markers such as glucocerebrosidase mutations may greatly change our knowledge of the disease process and may induce new therapeutic strategies in the future. The natural history of the disease is also better understood from the prodromal phase to the post-mortem analysis of the brain and the classification of the processes based on abnormal protein deposits.

Dementia

The respective value of biomarkers (amyloid imaging versus CSF biomarkers) for in vivo diagnosis of Alzheimer’s disease (AD) has been detailed. Therapeutic expectations mainly rely on anti-Aβ immunization trials performed in preclinical (and no longer prodromal) stages of AD, with the aim of slowing the evolution of neuronal loss. Besides a lot of communications on dementia genetics or physiopathogeny, fascinating and promising results were presented on deep brain stimulation for depression resistant to medical treatment.

Peripheral neuropathy

Ibudilast, administered with riluzole, is safe and tolerable in patients with amyotrophic lateral sclerosis (ALS), improves ALS function and delays progression. Patients with painful small fiber neuropathy have a high rate of mutations in the SCN9A gene, coding for Nav1.7 voltage-gated sodium-channels. Peripheral nerve lymphoma (NL) is a multifocal painful neuropathy that causes endoneurial inflammatory demyelination: primary NL is less severe than secondary NL, which occurs after remission, suggesting that nerve may be considered a “safe lymphoma haven”.

Multiple sclerosis (MS)

Biotin in progressive forms of MS and daclizumab in relapsing-remitting forms appear to be promising treatments. In case of failure of current first-line and/or second-line therapeutics, alemtuzumab may be an interesting alternative treatment. Teriflunomide, dimethyl fumarate and fingolimod are oral treatments with confirmed efficacy and acceptable safety. Besides vitamin D insufficiency and smoking, which are confirmed risk factors for the disease, testosterone insufficiency (in males) and obesity are emerging risk factors, which could also be corrected.

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Sibon et al. American Academy of Neurology, Washington, 18–25 avril 2015. Rev Neurol 2015.

Doença de Parkinson pré-clínica: Tremor e rigidez não é tudo

Recado do estudo inglês, um estudo de casos-controles publicado no final do ano passado na Lancet Neurology: Não subestime os neurônios dopaminérgicos degenerados da substância negra nos pacientes com Doença de Parkinson Idiopático (DPI).

Além do tremor, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural típicos da doença, os sintomas pré-clínicos estão cada vez mais reconhecidos, e são considerados importantes, sobretudo no reconhecimento precoce da síndrome e para o desenvolvimento de linhas de pesquisa na área.

A seguir, a listinha do que foi positivo, no paper publicado:

Tremor (RR 13·70, 95% CI 7·82–24·31)

Instabilidade postural (HR 2·19, 1·09–4·16)

Constipação (HR 2·24, 2·04–2·46)

Hipotensão postural (HR 3·23, 1·85–5·52)

Disfunção eréctil (HR 1·30, 1·11–1·51)

Disfunção urinária (HR 1·96, 1·34–2·80)

Tonturas (HR 1·99, 1·67–2·37)

Fadiga (HR 1·56, 1·27–1·91)

Depressão (HR 1·76, 1·41–2·17)

Ansiedade (HR 1·41, 1·09–1·79)

Pra os mais céticos, que não costumam “crer” nestes sintomas pré-clínicos do Parkinson, argumentando que a gente, quando fica velho, invariavelmente vamos ter tudo isso aí em cima – vamos tremer, andar pior, ter intestino preso, problemas de ereção, incontinência por causa do prostatismo, todos ficaremos tontos, cansados, deprimidos e com ansiedade por causa, tudo tudinho, da velhice??!!! O estudo é uma pequena resposta de que, nos idosinhos normais, nos controles, a frequência de surgimento de DPI foi realmente menor.

Mais uma boa publicação dos ingleses e suas estatísticas…

pray

Meu Deus querido do coração: Protejei os neurônios da minha substância negra…

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Schrag et al. Prediagnostic presentations of Parkinson’s disease in primary care: a case-control study. Lancet Neurology 2015.

Pramipexole como neuroproteção em Parkinson: Funciona?

Por Maramélia Miranda

No final de Maio de 2013, a Lancet Neurology publicou um importante estudo na área de Distúrbios do Movimento. O estudo PROUD – Pramipexole on Underlying Disease study é um estudo do tipo “delayed-start” (não sabe o que é isso? Clique AQUI ou AQUI).

O PROUD avaliou o pramipexole em Doença de Parkinson (DP) precoce, estudando se havia diferença entre começar esta droga precocemente versus mais tardiamente, com a hipótese de que o pramipexole poderia ser neuroprotetor e potencial droga modificadora da progressão da doença, assim como foi a rasagilina no estudo ADAGIO – Attenuation of Disease progression with Azilect Given Once daily, publicado em 2009 na NEJM.

Schapira e colaboradores estudaram dois grupos de pacientes, randomizados prospectivamente para placebo ou início precoce de 1,5mg/dia de pramipexole. O braço “placebo” ficava sem pramipexole por 9 meses (período 1 do estudo), seguido de 6 meses do uso da droga (período 2); o grupo ativo tomou o medicamento pelo total de 15 meses do trial.

Como esperado, o período 1 de placebo versus tratamento ativo confirmou a efetividade do pramipexole no controle dos sintomas motores e melhora na escala de avaliação “Unified Parkinson’s disease rating scale” (UPDRS). Entretanto, estudos com neuroimagem funcional e o desfecho clínico pela UPDRS foram semelhantes ao final do follow-up do trial, sem qualquer evidência de que esta droga tenha sido modificadora de doença. 

Comentários

A mensagem que fica, com base nos resultados neuroprotetores negativos e maior taxa de efeitos colaterais relacionados à droga (no grupo ativo – de início precoce), é de que não vale à pena começar precocemente o pramipexole, na exceção dos casos com proeminentes sintomas motores e funcionalidade já prejudicada. A crítica em relação ao desenho do estudo e o tempo de tratamento (talvez curto) com placebo, antes de introduzir-se a droga, são pontos salientados no editorial escrito por Robert Hauser.

O que sobra para os casos leves e/ou pouco sintomáticos é acreditar nos resultados positivos (e estranhos) dos estudos com inibidores de monoamino-oxidade (seleginina / rasagilina). Além de aguardar os resultados de futuros trials.

Smi32neuron

Neuroproteção em Doença de Parkinson: Tema quente. Muito espaço para pesquisas.

 LINKS

Schapira et al. Pramipexole in patients with early Parkinson’s disease (PROUD): a randomised delayed-start trial. Lancet Neurol 2013.

Hauser R. PROUD stands tall: delayed-start studies in Parkinson’s disease. Comment on: Lancet Neurol 2013.

Olanow et al. A Double-Blind, Delayed-Start Trial of Rasagiline in Parkinson’s Disease. NEJM 2009.

D´Agostino R. The Delayed-Start Study Design. NEJM 2009.

Ultrassom Transcraniano para avaliação da substância negra

Por Maramelia Miranda (Atualizado em Nov 2021)

tags::: ultrassonografia transcraniana, substância negra, doença de Parkinson, diagnóstico, hiperecogenicidade da substância nigra, ultrassom modo B, US transcraniano, ultrassonografia na doença de Parkinson, Doppler transcraniano do mesencéfalo, US transcraniano dos gânglios da base. 

O Laboratório Fleury realiza o exame de Ultrassom (US) transcraniano para avaliação do parênquima cerebral, também chamado de US transcraniano da substância negra, ou US transcraniano do mesencéfalo.

Este exame avalia primariamente a ecogenicidade da substância nigra, cujo aumento é encontrado em mais de 80% dos portadores de Doença de Parkinson idiopática, sendo considerado um provável marcador pré-clínico da doença.

Trata-se de um método complementar relativamente recente que, diferentemente do Doppler transcraniano convencional, avalia as estruturas intracranianas através da aquisição das imagens ultrassonográficas em modo B.

E ao contrário do que se pensa, o US transcraniano consegue ver a ecogenicidade da substância nigra com maior sensibilidade do que as imagens de ressonância magnéticas convencionais em aparelhos de até 3 Tesla. Notícia boa para os colegas profissionais que trabalham com ultrassom, e para nós, entusiastas no campo da Neurossonologia.

SN-US-hiperecogenicidade

Vejam abaixo algumas imagens interessantes do US transcraniano do parênquima (arquivo pessoal), e procurem identificar o mesencéfalo nas figuras…

Para saber mais, veja o que escrevemos no final do ano passado, postado AQUI mesmo no nosso Blog.

Ressalto aos colegas neuros que deve-se ter atenção ao mencionar, no pedido médico, que trata-se do US transcraniano para esta avaliação específica (tremores, Parkinson, ver mesencéfalo e/ou substância nigra).

Veja AQUI, outros locais em São Paulo onde encontrar este exame.