Por Maramelia Miranda
Para quem tem pacientes com Síndrome das Pernas Irriquietas (SPI), uma nova evidência volta a esquentar a discussão sobre o manejo desta interessante doença neurológica.
Richard Allen (Johns Hopkins University) e colaboradores publicaram no mês passado, na NEJM, um estudo multicêntrico, prospectivo e controlado duplo-cego, testando as drogas pregabalina e pramipexole e avaliando a efetividade destes diferentes tratamentos e efeitos colaterais a longo prazo, especificamente a piora clínica com a terapia prolongada (“augmentation”). O trial ocorreu durante um ano, envolveu 4 braços de pacientes (tratamentos com placebo, pregabalina e pramipexole, doses de 300mg/dia e 0,25 ou 0,50mg/dia, respectivamente). O efeito de “augmentation” foi avaliado no final do estudo, entre a semana 40 a 52 do estudo. O trial demonstrou que pacientes tratados com pregabalina tiveram uma significativa melhora na escala “International RLS (Restless Leg Syndrome) Study Group Rating Scale” (escala IRLS), quando comparados com o grupo que recebeu pramipexole. A melhora nos escores médios da escala IRLS foi de 4,5 pontos a favor da pregabalina (P<0.001). As taxas de piora clínica a longo prazo – “augmentation”, foram menores com a pregabalina versus pramipexole na dose maior (0,5mg/dia, 2.1% vs. 7.7%, P=0.001), e semelhantes com a dose de pramipexole de 0,25mg/dia (2.1% vs. 5.3%, P=0.08). Resumo da ópera: Pregabalina foi melhor no controle dos sintomas / desfechos do trial, e melhor em relação às taxas de “augmentation” em relação ao pramipexole 0,5mg ao dia.
LINKS
Chokroverty S. Therapeutic dilemma for restless legs syndrome. NEJM 2014. Editorial.
Allen et al. Comparison of pregabalin with pramipexole for restless legs syndrome. NEJM 2014.
Fonte da imagem: www.middlesexhospital.org.
yuri, bem comentado, eu tinha visto do artigo, o patrocinio do estudo é da Pfizer. e a revista da publicação do paper é a NEJM (lembremos de casos emblematicos de publicações questionadas pelo possivel vies comercial de importantes estudos envolvendo interesses financeiros gigantescos e grandes empresas farmaceuticas ou de proteses…
O histórico (em brevíssimo tempo) da Pregabalina e suas opções é no mínimo questionável. Custou à Pfizer recupera-se da perda de patentes do Viagra e Lipitor e quando apostava do stop que teve com a nossa querida Gabapentina e com o Celebra (“new blockbusters”) agora vem artigos como o da Universidade de Hopkings, PAGOS PELA PRÓPRIA PFIZER a nos induzir a acreditar na pluralidade terapêutica da Pregabalina que já passou por momentos melhores (leia-se boom da fibromialgia). Esses trabalhos subvencionados pelas próprias empresas que visam novos lucro com medicamentos já “maduros” no mercado tem sido fortemente questionados por profissionais.
Sendo assim minha amiga, fiquemos com o nosso velho conhecido agonista dopaminérgico, até porque numa relação simples custo/benefício sai bem na foto.
abs