Se vocês pensaram que fui algo provocativa no último post, ah! Doce ilusão!
Este aqui é mais polêmico ainda: A teoria é a seguinte: o mecanismo autoimune presente na esclerose múltipla pode ter, como uma possível causa, uma insuficiência venosa cerebroespinhal crônica (CCSVI – sigla em inglês), que leva à congestão venosa, aumento da deposição de ferro pericapilar, e consequente resposta imunológica contra estas regiões encefálicas …
Será?! Esclerose múltipla é causada por distúrbio vascular!??? “Comemos bola” estes anos todos dando imunomoduladores para os pacientes?!Como pode?!
A idéia foi publicada pela primeira vez em 2009, por um grupo de pesquisadores italianos. De lá pra cá, vários, vários papers sairam a respeito, muito interesse da mídia, o pior, a procura desperada pelos pacientes com EM, em busca da possível “cura”.
Na Academia Americana de Neurologia de 2010, mais de 4000 médicos estavam inscritos para assistir a mesa de debate sobre este tema. Estavam presentes o Dr. Zamboni, italiano que primeiro provocou a questão em 2009, e outros experts em neuroimunologia… Este ano, no Havaí, mais polêmica, e muita discussão!
Hoje, vários centros americanos e em outras partes do mundo fazem os procedimentos off-label, de angioplastia e stenting venoso, na tentativa de tentar tratar aqueles casos que tem o diagnóstico de insuficiência venosa cervical, ou estenose de alguma veia cerebral profunda ou da jugular interna…
Um detalhe é fato: o método de diagnóstico da condição CCSVI, com ultrassonografia, é bastante questionado, bem como os critérios ultrassonográficos utilizados por Zamboni e colaboradores. Por outro lado, séries de casos tratados por via endovascular tem demonstrado resultados animadores, com redução de número de surtos em portadores de EM remitente-recorrente, ou parada de progressão da doença.
Está em andamento um estudo clínico, o trial PREMiSe (Prospective Randomized Endovascular therapy in Multiple Sclerosis), comparando a ATC venosa cervical versus ATC “sham”, liderados por pesquisadores da Universidade de Buffalo. E, vejam só, tem até annual meetings… Vai ter agora em Julho de 2011, o 2nd Annual CCSVI Update Symposium. É mole?!
Enfim, não bastam as informações acima. Quem tiver curiosidade, acessem abaixo os links para uma “polêmica” leitura. Muito bom.
Mayer et al. JNNP 2011. The perfect crime? CCSVI not leaving a trace in MS.
The multiple sclerosis mystery: is there a vascular component?
Cara colega Maria Amélia, obrigado por difundir o tema. Acho que temos que prestar atenção nas mudanças que acontencem a nossa volta. Usar nosso raciocínico clínico e propor tratamentos. Infelizmente ainda falta muito para aprendermos. Em neurologia estamos muito atrás em comparação com a outras áreas como por exemplo a cardiologia. Parabéns e continue estudando o tema. Fique aberta a mudanças. Isso é só a ponta de um iceberg. Por acaso recebi seu email de outro colega. Estou enviando uma imagem só para entender possibilidades de outras patologias que estamos estudando.