Como explicar que os custos das drogas modificadoras de doença, usadas para o tratamento da Esclerose Múltipla, subiram tanto nos últimos anos nos EUA, a despeito de taxas de inflação bastante menores no mesmo período?
Apenas o custo existente pelos anos e anos de pesquisas clínicas e desenvolvimento das drogas, que sabemos, é bastante alto, e existe mesmo?!
Um farmacêutico da Universidade de Oregon (EUA) publicou este mês, na Neurology, um trabalho interessante.
Ele pegou 9 terapias de EM, e analisou os custos anuais em 20 anos de uso destas terapias, de 1993 a 2013, nos EUA. Comparou o aumento dos preços e inflação no período, e também aumento de drogas similares (de mesma tecnologia) usadas em outras doenças, usando os inibidores de TNF como droga “controle”.
Resultados
As drogas de primeira linha (interferons e glatiramer) – que custavam originalmente $8,000 a $11,000/ano, tiveram um aumento médio anual de 21%–36%, e agora não saem por menos de $60,000/ano.
Vamos abrasileirar estes números? Brasileiro entende de forma “mensal”… 🙂
Antes eram U$600-900/mês; agora custam U$5,000 por mês…
Ou seja, segundo os autores do paper, um aumento anual de 5 a 7 vezes a inflação de medicamentos no período.
Novos agentes geralmente entraram no mercado com preços 25%–60% maiores do que as drogas já disponíveis. Os aumentos significativos foram maiores depois da entrada do interferon β-1a SC (2002) e natalizumab (2006).
Esta “loucura” inflacionária EM-ística não ocorreu com os inibidores de TNF. O autor do estudo, Daniel Hartung, argumenta sobre a dificuldade de entrada de genéricos no mercado, e resistência da indústria nestas negociações, em baixar estes preços.
Para piorar a vida e o custo da saúde dos americanos (país onde estes custos são os mais altos do mundo), as drogas de EM nos EUA atualmente são 2-3 vezes mais caras no que nos demais países.
Drogas para EM: Alta de preços nos EUA totalmente desproporcional. Será que no Brasil é assim também?
LINKS
Brown M. Cost of disease-modifying therapies for multiple sclerosis. Neurology 2015.