ARUBA Trial: O que é melhor nas MAVs assintomáticas?

Por Maramelia Miranda (Atualizado em Fev 2016)

Ainda é o tratamento clínico.

AVM image

Esta foi a conclusão dos resultados do estudo ARUBA, até o momento o maior estudo prospectivo e controlado a analisar as intervenções possíveis hoje (tratamento médico, cirúrgico, endovascular e radiocirúrgico) para este tipo de lesão vascular.

+++ Estudo ARUBA em 2016: Não tratar MAVs assintomáticas

O ARUBA foi inicialmente apresentado no congresso europeu do ano passado, e noticiamos os seus iniciais resultados aqui no nosso Blog. Na época, muitas críticas de neurocirurgiões e intervencionistas a respeito do seguimento curto destes pacientes e sobre a possibilidade dos casos mais jovens terem maior risco de sangramento futuro, com desfechos desfavoráveis médio ou longo prazo. Agora os dados foram discutidos em Nice, no European Stroke Conference deste ano, ocorrido semana passada, e publicados na edição de fevereiro de 2014 da revista Lancet.

Dos 223 pacientes incluídos no trial, com uma média de seguimento de 33 meses, 114 casos foram tratados com intervenções e 109 conservadoramente (medicações para sintomas clínicos).

10·1% dos pacientes do grupo clínico atingiram o end-point primário de morte ou AVC; no grupo submetido às intervenções, 30·7% (não à toa o NIH mandou interromper o estudo antes do n calculado e planejado…).

O risco do desfecho analisado (morte ou AVC) foi significativamente maior no grupo de tratamento invasivo (HR 0·27, 95% CI 0,14-0,54). O número de AVCs (45 vs 12, p<0,0001) e déficits neurológicos não relacionados ao AVC (14 vs 1, p=0,0008) foi bem menor no grupo submetido ao tratamento clínico.

Os neurocirurgiões vasculares irão detestar; os neurorradiologistas intervencionistas, pior ainda… Mas é a tal história… Estatística é estatística. Evidência é evidência. E quando um trial é financiado pelo NIH e NINDS, realmente ficamos rendidos sob o contexto de uma confiável imparcialidade científica, nem sempre vista em estudos financiados pela indústria.

Para quem quiser conferir o estudo inteirinho, mais links abaixo.

LINKS

Mohr et al. Medical management with or without interventional therapy for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): a multicentre, non-blinded, randomised trial. Lancet 2014.

Novos dados do Estudo ARUBA apresentados em 2016 – Estudo ARUBA em 2016: Não tratar MAVs assintomáticas

tags: MAV, malformação arteriovenosa, tratamento cirúrgico, embolização, radiocirurgia, neurointervenção, MAV incidental, assintomático.


One thought on “ARUBA Trial: O que é melhor nas MAVs assintomáticas?”

  1. Na minha opinião suas conclusões são precipitadas assim como as do Aruba
    Não foi colocado no seu artigo que apenas 17 pacientes receberam tratamento cirúrgico e ainda digo mais, não houve no aruba qualquer tipo de informação sobre a experiência dos cirurgiões que operaram as mavs do estudo.
    Isso, na minha opinião mais do que configura um viés .
    É um erro enorme generalizar a forma terapêutica de uma afecção quando apenas 17 pacientes foram tratados por ela em um estudo.
    É como dizer que açaí é ruim tendo dado para 17 pessoas que não gostaram da fruta.
    Fora isso, o tempo de follow up é pequeno entre tantas outras críticas.
    Espero que seja feito um estudo com melhor desenho para que possamos discutir adequadamente sem tendências, o que, infelizmente vejo de certa forma nestes posts sobre o aruba.
    Até lá

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