Por Jorge Murilo Souza ** e Maramélia Miranda
Gostaram do trocadilho…? 🙂
Estudo
Os autores compararam prospectivamente, se havia diferenças entre dar antiplaquetários ou anticoagulantes na fase aguda de eventos de dissecção arterial cervical extracraniana.
Estudo aberto, prospectivo e controlado – realizados em centros em ingleses (maioria) e na Austrália.
Critérios de inclusão: Sintomas ocorridos nos últimos 7 dias, com diagnóstico de dissecção extracraniana por RM, AngioRM, AngioTC e ou angiografia cerebral.
Critérios de exclusão: dissecções intracranianas, contraindicação para antitrombóticos, gestação.
A decisão do esquema do antiplaquetário ou anticoagulante foi feita pelo médico assistente, após a randomização. A equipe tinha liberdade para decidir sobre dar um antiagregante, dois, combinação (ex.: Aggrenox), usar heparina SC e depois warfarina ou usar direto a warfarina, sem terapia de ponte prévia.
Antiplaquetários utilizados – AAS, aggrenox (AAS/dipiridamol), dupla terapia (AAS + clopidogrel), clopidogrel.
Anticoagulante – heparina + warfarina, ou warfarina apenas.
Desfecho principal medido – em 3 meses – AVC ipsilateral ou morte de qualquer causa.
Resultados
n=250 pacientes incluídos
Braço antiplaquetário – n=126
Braço ACO – n=124
Grupo tratado com antiplaquetários – 24 pacientes foram excluídos po causa da não confirmação da dissecção nos exames de neuroimagem — sobraram 101 casos.
ACO – 28 pacientes excluídos (mesmo motivo) – sobraram 96 casos.
Obs.: Isso ocorreu porque era permitido randomizar apenas com um exame de ultrassom sugerindo dissecção.
Média idade: 49 anos
Características dos sintomas das dissecções: AVCi = 195 casos / Horner = 4 / Cefaleia isolada = 22 / AIT = 29 casos.
Tratamento realizado (aqui, uma das coisinhas discutíveis do estudo)::: AAS – n=22 / Clop – n=42 / AAS + clop – n=35 / Agrenox – n=20 / Dipiridamol – n=1
Desfechos encontrados: poucos… Muito poucos…
Braço antiplaquetário – 3 AVC ipsilateral ou morte
Braço ACO – 1 AVC ipsilateral ou morte
Ou seja…
Tratamentos com resultados iguais, desfechos em pequeníssima quantidade em 3 meses de follow-up, única evidência de um estudo controlado que temos no tema, num estudo que permitiu o uso ou de monoterapia ou de dupla terapia antiplaquetária, com problemas de randomização e confirmação diagnóstica.
E agora?
LINKS
Scott Kasner. CADISS: a feasibility trial that answered its question. Lancet Neurology 2015.
** Jorge Murilo Souza é neurologista, atual R4-Fellow da Neurologia Vascular e NeuroUTI da UNIFESP. Apresentou esta aula incrível pra nós na semana passada, dissecando literalmente o CADDISS. Wilkommen, Jorge!!!!!!