Isso mesmo.
Não errei a digitação. O pessoal do grupo de trabalho de MAVs da AHA (American Heart Association) escreveu e publicou há 3 dias a diretriz de manejo de MAVs, falaram, falaram, falaram, e não chegaram a lugar algum. Tucanada Federal!
ARUBA, estudos observacionais, séries cirúrgicas, etc etc etc. Vários papers serviram de base para o documento, que nada mais é do que uma espécie de Review article, supermega atualizado, que explicita realmente uma área, uma doença onde cada um pode ter uma opinião, neurocirurgiões e endovasculares discutem sempre a efetividade de seus tratamentos, os neuroclínicos ficam ali no meio do fogo cruzado, e ninguém sabe direito como fazer naqueles casos em boa parte dos casos e, principalmente, nos mais jovens com MAVs não-rotas, ou nas de maior grau.
Resumindo a ópera, de agora em diante, não existe o certo ou o errado. De certa forma, é melhor até, sobretudo para os cirurgiões e intervencionistas. A diretriz recomenda:
— Avaliar o caso individualmente;
— Explicar ao paciente os riscos de ruptura (nos casos não rotos e nos que sangraram), e decida em conjunto.
Ao final, os autores ainda escreveram bem assim:::
Para as MAVs não rotas >>>> “The discussion of treatment options with patients should include consideration of these risks weighed carefully against the relative risks of different intervention strategies and life expectancy.”
Para as MAVs que já sangraram >>>>>> “Treatment decisions should weigh the relative risks and benefits of different interventional strategies and their combinations.”
Agora falem aí pra mim. Foi ou não foi um guideline digno da mais alta plumagem tucana PSDbista brasileira?????
Hoh B. Update on the Statement on Brain AVMs: Despite New Data, Questions Still Unanswered. Stroke 2017. Editorial / Commentary.
Não sei se “trial randomizado” é o melhor método para avaliar tratamento de MAV. Entretanto, iniciaram o estudo TOBAS, dirigido pelo Prof Jean Raymond de Montreal. Estudo de desenho complexo incluindo um braço de registro de casos que escaparam à randomização. Aguardemos…
Milena!!!!!!! Obrigada pelo seu comentário e sobretudo pela sua nobre audiência ao meu site!!!!!! Quando é uma MAV pequena que sangrou, na UNIFESP sempre indicamos abordar, e em casos de grau 1 e 2, sempre abordagem cirúrgica, mas o detalhe é que temos uma equipe fera em MAVs, referência mesmo (Dr. Feres Chaddad e sua equipe), com muita experiência no tratamento cirúrgico.
São menos frequentes os casos de abordagem mista (embolia e cirurgia), e os casos maiores mais sérios, apenas embolização ou radiocirurgia.
Vamos que vamos. É uma doença mais rara. E o ARUBA realmente pecou em colocar apenas 5 casos cirúrgicos, e o bolo todo (MAVs maiores e menores) no mesmo saco.
hahahahah adorei a analogia, Dra. Realmente!!! Muito PSDB esse Aruba, cisca cisca e não fala nada.
Ficamos muito no fogo cruzado mesmo até mesmo de quando abordar.
Tivemos um caso recente em Ribeirão Preto e o que a intervenção tem considerado a depender do sangramento é abordar com arterio controle depois de 20-30 dias, mas a doença é muito heterogenea. Tivemos uma MAV em sitio de pericalosa e ACA que sangrou e realmente ficamos no fogo cruzado porque a Neurocirurgia queria abordar, mas estava com receio por ser um sangramento profundo. A decisão conjunta foi que fizemos arterio para localizar o nidus, mas ninguem se atreveu a abordar, talvez pela topografia, o sangramento ficou controlado e programamos embolizar em 3 semanas, repetir a arterio controle, paciente evoluiu bem – Rankin 2. Acho que fazer um trial com doença de diferente topografia e comportamento é algo muito desafiador e frustrante na esperança de resultados positivos , talvez esse seja o grande problema do ARUBA. Desenhar um estudo assim é muito complicado com doença com diferentes respostas clinicas e topografia diversa, além disso, de ser pouco comum. Excelente seu blog, recomendo para os residentes e alunos. Abraços, da Neurovascular de Ribeirão Preto.