Obrigada!!!!!

Por Maramelia Miranda

No mês passado – Setembro/14, ultrapassamos a barreira dos 25000 acessos únicos/mês!!!!

Se parar pra pensar::: Não estamos falando de um portal de notícias, jornal, site de fofocas ou blogs de moda… Ter esta audiência de unique-viewers para um site de notícias científicas sobre Neurologia e conteúdo neurológico para leigos – é uma boa notícia!

Mês Visitantes únicos Numero de visitas Páginas Hits Bytes
Jan 2014 14,073 16,199 24,005 52,013 2.10 GB
Fev 2014 15,888 18,436 28,631 58,014 2.46 GB
Mar 2014 21,676 25,371 38,752 41,900 1.91 GB
Abr 2014 19,976 23,219 33,867 36,923 1.78 GB
Mai 2014 22,496 26,141 37,657 41,151 2.10 GB
Jun 2014 19,930 23,461 34,645 37,115 1.61 GB
Jul 2014 22,120 26,070 36,250 38,805 1.65 GB
Ago 2014 24,295 28,445 39,581 42,668 1.88 GB
Set 2014 26,144 30,663 43,848 47,059 2.04 GB

Venho aqui agradecer a audiência de vocês!!!!! O esforço nas atualizações é recompensado… E aproveito para convidar os interessados – colegas, neuros – que desejam contribuir ao site, mandem seu material, sua resenha, seus comentários, pois queremos difundir conhecimento e agregar mais pessoas a este trabalho de formiguinha… Literalmente!

valeu

Dissecções arteriais cervicais e “massagens terapêuticas”

A cena… Vemos frequentemente nos shoppings e espaços públicos por aí: Cadeiras de “quick massage”, e o profissional massageando o pescoço do “cliente”, numa sessão de 10-15-20 minutos de massoterapia. É febre.

O slogan para chamar os clientes parece piada para os neurologistas: “Venha relaxar” (e de quebra, dissecar suas artérias do pescoço… Pensam muitos dos neuros que passam e vêem o ambiente…).

quick-massage

Pois bem.

A American Stroke Association publicou um statement sobre este tema no mês passado: terapias de manipulação cervical, ou em português bem claro – as tais massoterapias, e sua possível associação com as dissecções arteriais cervicais.

Possível?! Alguém ainda tem dúvida?

No ponto de vista estritamente científico, os autores concluem que ainda não é possível tornar este tratamento proibitivo, mas que os profissionais massoterapêutas devem alertar seus clientes quanto às descrições de casos e séries de casos da literatura – e esta associação.

Afinal, deverá ser difícil fazer um ensaio controlado para estudar a fundo esta associação, não? Qual serviço de massoterapia encararia tal desafio?!

O documento, na verdade, não fala só disso. Lendo o artigo inteiro, vemos que é um verdadeiro artigo de revisão sobre as dissecções cervicais, apresentando diagramas, estudos clínicos e ilustrações muito bonitas sobre a fisiopatologia das dissecções e das embolias que ocorrem quando há a laceração na íntima das artérias. Figuras interessantes para quando queremos explicar aos pacientes o porquê dos AVCs nestes casos!!!! Vale a pena ver!!!!

Conclusão transcrita do documento: ABAIXO::: Depois, link do artigo em PDF – na íntegra.

“Cervical artery dissections (CD) is an important cause of ischemic stroke in young and middle-aged patients. CD is most prevalent in the upper cervical spine and can involve the internal carotid artery or vertebral artery. Although current biomechanical evidence is insufficient to establish the claim that cervical manipulative therapy (CMT) causes CD, clinical reports suggest that mechanical forces play a role in a considerable number of CDs and most population controlled studies have found an association between CMT and VAD stroke in young patients. Although the incidence of CMT-associated CD in patients who have previously received CMT is not well established, and probably low, practitioners should strongly consider the possibility of CD as a presenting symptom, and patients should be informed of the statistical association between CD and CMT prior to undergoing manipulation of the cervical spine. “

LINK

Biller et al. Cervical Arterial Dissections and Association With Cervical Manipulative Therapy. A Statement for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2014.

Desencanto. E um pedido.

Dá raiva.

Quando penso que Tiririca será certamente o deputado federal mais votado de São Paulo.

Quando percebo que talvez um cirurgião plástico botocado que anda com um estetoscópio no pescoço chamado Dr. Rey, ou Doutor Hollywood, poderá ser eleito.

Quando vejo todos os países dos BRICS crescerem, e meu país decrescer.

Quando leio notícias de propinas de 1,3 milhões de dólares pagos a um corrupto pelos corruptores do nosso país… Tudo para não “melar” a venda de uma refinaria acabada no meio do Texas, que valia menos de 200 milhões e foi arrematada pela Petrobrás por 1,8 bi !!!!!! (Mensalão virou fichinha!).

Quando percebo que eles nos acham uns idiotas, subestimando nossa inteligência, insistindo nas teses de que, sobre mensalão, dólares na cueca, propinas, refinarias, Pasadena, Petrobrás, Alston, metrôs, vagões, conchavos, Azeredo, merendas escolares, sobre tudo isso… Lula, Alckmin, Serra, Kassab, Lobão, Renan, Sarney, Temer, ou Dilma (presidente do conselho da Petrobrás?!), não sabiam de nada (?!). Aviltante. Parecemos tão burros assim?

Quando vejo que moro na cidade metropolitana com a menor malha metroviária (trens/metrô) per capita do mundo. E percebo que terei que fazer racionamento de água (após as eleições, é claro!), por que a nossa água está acabando. E não vejo nada acontecer com as denúncias de corrupção nas construções e compras de metrô… E vejo notícias de crianças na 5a. série das escolas do estado sem saberem ler ou escrever por causa de progressão continuada. E vejo professores das escolas ganhando menos de 1000 reais por mês sendo apedrejados e achincalhados pelos alunos. E vejo meus pacientes da rede pública esperando mais de 6 meses pra fazer um exame de imagem (tomo, ressonância, ultrassom), ou esperando filas de 8 anos para fazer cirurgias eletivas.

Quando vejo um trabalho de anos e anos em um órgão público vazar pelo ralo, ir pra a lata do lixo, porque mudou a gestão, e o novo gestor, mega-idiota, resolveu começar do zero para não deixar marcas do seu antecessor. Quando é que vão perceber que tem que manter as coisas boas, aprimorá-las, e ter a humildade para reconhecê-las e tentar melhorar todo o resto?!

Quando me dou conta que, mesmo assim, com tudo isso, mais de 50% do Nordeste ainda está pensando em votar no PT. E a população de SP mostra nas pesquisas que quer eleger o mesmo grupo para continuar governando assim, como faz há 20 anos…

Dá raiva.

Fico triste.

Tem como ficar pior do que está?

Por tudo isso, constato, e provoco:

1. Cada povo tem os políticos que merecem.

2. Alternância do poder faz bem. 

vote

Pensem nisso. E votem com inteligência.

Leituras para o final de semana…

John Malkovich shines in brilliant recreation of iconic photos. Por Colin Gorenstein. Sensacional…

arthur-sasse-_-albert-einstein-sticking-out-his-tongue-1951

5 Tips for New Team Leaders. Por Jeanne DeWitt, para o blog da Harvard Business Review. Você é chefe de alguém? Se for, leia.

Clinical Performance Measures for Adults Hospitalized With Acute Ischemic Stroke. Statement / Guideline da AHA/ASA publicado em setembro de 2014.

Cervical Arterial Dissections and Association With Cervical Manipulative Therapy. A Statement for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Publicado pela AHA/ASA em Agosto de 2014.

Quer ter uma ideia do tamanho da corrupção que quase afunda a Petrobras? Só para não atrapalhar um negócio, Paulo Roberto Costa recebeu uma propina de R$ 3,6 milhões. Por Ricardo Noblat, sobre reportagem de HOJE de O Globo. 

Crédito da Foto: Sandro Miller. 

Estudo MESA: O que causa a progressão subclínica da aterosclerose carotídea?

Dados do estudo MESA – Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis foram recentemente publicados na Stroke. O paper, “Predictors of Carotid Thickness and Plaque Progression During a Decade. The Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis – MESA”, analisa os possíveis preditores de desenvolvimento de doençca cardiovascular / aterosclerose subclínica numa população de meia idade saudável.

Estudo

Estudo de coorte, prospectivo, em 6 centros americanos com população “multi-étnica”. Avaliou mais de 6 mil pacientes assintomáticos para avaliar fatores de risco e progressão subclínica de doença cardiovascular nesta população. 

Pegaram os pacientes que fizeram US carótidas no começo e em follow-up de 10 anos.

Resultados

  • n= 3441 pacientes
  • Intervenções: coleta dos fatores de risco, dados sócio-econômicos e realização de US das carótidas (medidas de espessamento médio-intimal – EMT, e detecção de placas carotídeas), avaliando os preditores de mudanças no EMT e surgimento de novas placas ao longo de 10 anos numa coorte.
  • Média de intervalo entre os USs: 9,4 anos
  • Idade média da coorte – 60,3 anos
  • 53% mulheres 26% negros, 22% hispânicos, 13% chineses
  • 47% tinham placas carotídeas
  • Média de progressão do EMT – 11,8 μm/ano
  • 56% dos casos desenvolveram novas placas
  • Progressão do EMT foi mais lenta em chineses e hispânicos, e nos que tinham maiores níveis de HDL-colesterol, uso de antihipertensivos e maior tempo de uso destes;
  • Formação de novas placas esteve associada aos fatores de risco tradicionais, sobretudo tabagismo (OR 2.31; P<0.0001).

Conclusões dos autores

“Ethnicity is associated independently with progression of carotid wall thickening and plaque formation, subclinical markers of arterial injury and CVD risk. The most powerful pharmacological and modifiable risk factors impacting progressive carotid wall injury are use of antihypertensive medications and cigarette smoking.”

LINK

Tattersall et al. Predictors of Carotid Thickness and Plaque Progression During a Decade. The Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis. Stroke 2014.

ARUBA: A discussão não acaba por aqui…

A revista Stroke publicou em agosto, Online first, um interessante editorial de revisão sobre o comentado e discutido estudo ARUBA – A Randomized Trial of Unruptured Brain Arteriovenous Malformations. O texto faz parte de uma seção da revista – Emerging Therapy Critiques – e como o próprio nome fala… Crítica a uma terapia emergente, que surge com base em estudos controlados.

O estudo ARUBA, publicado este ano na Lancet, por Mohr e colaboradores, é até o momento o maior trial controlado, o que de melhor evidência existe sobre o tratamento de MAVs assintomáticas, e levanta discussões quentíssimas nos congressos das áreas afins e nos departamentos acadêmicos. Na UNIFESP, recentemente, tivemos mega discussões numa das últimas reuniões clínicas conjuntas – Neurocir + Neurorradio + Neurologia Vascular.

A visão do neurocirurgião parece ser bem clara, sobretudo do neurocirurgião brasileiro, que opera bastante, e muitos deles com experiência neste tipo de lesão: tem que operar, principalmente as MAVs de menor grau… Sendo evidência de um estudo controlado que foi bem conduzido e com financiamento público, suas conclusões passam a ser terapia de primeira linha, sobretudo em países com a medicina altamente judicializada, como é, por exemplo, a americana.

fight

LINKS

Day et al. A Randomized Trial of Unruptured Brain Arteriovenous Malformations TrialAn Editorial Review. Stroke 2014.

Mohr et al. Medical management with or without interventional therapy for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): a multicentre, non-blinded, randomised trial. Lancet 2014.

Ficou curioso com a seção da Stroke – Emerging Therapy Critiques? Querem saber o que a Stroke está escrevendo sobre Emerging Therapies – Criticando???? CLIQUE AQUI e veja… Hot topics!!!

ARUBA Trial: O que é melhor nas MAVs assintomáticas?. Post do blog, quando foi publicado o trial na Lancet.

ARUBA Trial: O que fazer com MAVs incidentais???. Post logo que os resultados foram apresentados no congresso de AVC em Londres.

Estudo TOPIC: Teriflunomide em Síndrome Clínica Isolada

Online first, publicação de um estudo aguardado, testanto a droga imunomoduladora oral teriflunomide em pacientes com síndrome clínica isolada, episódio clínico desmielinizante inicial que anuncia a esclerose múltipla.

Publicado ontem, na página da Lancet Neurology.

Estudo

Randomizado, duplo-cego, multicêntrico (112 centros), avaliou 3 braços de tratamento: teriflunomide 14mg, 7mg e placebo, com seguimentos de 108 semanas, de 2008 a 2012.

O desfecho clínico primário era a recorrência de um surto; Desfechos secundários: tempo para o novo surto, ou novas lesões captantes de contraste na RM, ou novas lesões T2.

Resultados

  • n= 618 pacientes
  • Braço de teriflunomide 14 mg (n=216)
  • Teriflunomide 7 mg (n=205)
  • Placebo (n=197)

A droga ativa reduziu significativamente o risco de novo surto nas duas doses testadas:

  • 14 mg (HR 0.574 [95% CI 0.379—0.869]; p=0·0087)
  • 7 mg dose (HR 0·628 [0·416—0·949]; p=0·0271)

E reduziu o número de surtos e novas lesões na RM:

  • 14 mg (HR 0·651 [95% CI 0·515—0·822]; p=0·0003)
  • 7 mg (0·686 [0·540—0·871]; p=0·0020).

Eventos adversos relatados nos grupos de tratamento com 14, 7mg e placebo, respectivamente:::

  • Aumento de enzimas hepáticas (TGO) – 19%, 17% e 14%
  • Hair thinning (como traduzo isso?!) – 12%, 6% e 8%
  • Diarréia – 11%, 14% e 6%
  • Parestesias – 10%, 5% e 5%
  • Infecção de vias aéreas superiores – 9%, 11% e 7%

 Conclusões

Dos autores do estudo: “TOPIC is to our knowledge the first study to report benefits of an available oral disease-modifying therapy in patients with early multiple sclerosis. These results extend the stages of multiple sclerosis in which teriflunomide shows a beneficial effect.”

Minha impressão inicial: As drogas orais estão chegando chegando, e aparentemente com melhores resultados do que os imunomoduladores injetáveis (pelo menos nas comparações de desfechos clínicos com os estudos que usaram as injetáveis). Atentar que este trial (TOPIC), semelhante a todos os outros, foi financiado pela Genzyme. Já havia sido apresentado no congresso de EM no ano passado. Demorou para ser publicado!

Definitivamente, começar a tratar uma CIS com droga oral é bem melhor do que com os interferons e glatiramers da vida, cheios de efeitos colaterais muitas vezes não tolerados pelos pacientes…

E por último, é óbvio que a droga foi superior no estudo… Comparar droga ativa com placebo é covardia… Queria ver mesmo comparações cabeça-cabeça… 

Estudando este assunto, estou procurando algum guideline recente sobre o tratamento da EM. A seguir vou postar o que achei.

LINK

Miller et al. Oral teriflunomide for patients with a first clinical episode suggestive of multiple sclerosis (TOPIC): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Neurology 2014.