Por Maramélia Miranda. Atualizado em Dez/2024.
O hematoma subdural crônico é uma condição muito, muito comum em idosos. A maioria dos hematomas subdurais crônicos provocam sintomas mais tardios, sendo bem frequente haver um hiato de semanas a meses, entre a queda ou trauma na cabeça e a formação do hematoma; isso acontece porque a formação hematoma se dá de forma bem gradual, por semanas, de forma contínua, naquele espaço entre a superfície do cérebro e a dura-máter, e no paciente mais idoso, este espaço, que costuma ser mais amplo, permite que a coleção ou o hematoma se forme sem dar sintomas por vários dias a semanas, usualmente em período de 2 a 3 meses.
Figura 2. Diagrama esquemático que mostra as diferenças entre o hematoma epidural e subdural, detalhando as membranas que revestem o cérebro e os locais destes hematomas.
Os sintomas mais comuns são a instalação gradual de dor de cabeça diferente, mas persistente, mudança de comportamento, apatia ou letargia, até sintomas mais sérios, como confusão mental, sonolência, fraqueza em um dos lados do corpo, alterações da fala, alterações do equilíbrio e marcha, até quadros mais sérios, como crises epilépticas e coma.
Figura 3. Imagem de Tomografia do crânio mostrando uma lâmina de hematoma subdural crônico na região fronto-parietal esquerda (no lado direito da foto, com hipodensidade em faixa, logo abaixo do osso).
Nos hematomas subdurais sintomáticos, os tratamentos considerados de primeira linha hoje envolvem:
a) Drenagem do hematoma, por cirurgia neurológica;
b) Embolização da Artéria Meníngea Média, por cateterismo.
O tratamento clássico é a cirurgia com trepanação, drenagem do sangue, do hematoma, com colocação de um dreno por alguns dias. Trata-se de cirurgia relativamente simples e efetiva; quando realizada a tempo, sem deterioração clínica, costuma deixar o paciente sem sequelas. Mais recentemente, séries de casos publicados desde 2017 até o momento, e vários estudos clínicos controlados publicados em 2023 e 2024, demonstraram o benefício do tratamento combinado de drenagem neurocirúrgica + embolização da artéria meníngea média, para reduzir ressangramento no leito do hematoma e melhora de desfechos clínicos.
Figuras. Exemplo de embolização da artéria meníngea média: imagens brancas em destaque, no trajeto da artéria meníngea média, fora da calota craniana, mostram exatamente o material oclusor (Onyx), que preenche a luz da artéria.
A embolização da artéria meníngea média (AMM) é um procedimento endovascular, feito por cateterismo, onde se coloca um material embolizante (cola, Squid ou Onix), para fechar, ocluir a meníngea média, e reduzir a chance de haver ressangramento no espaço subdural. Estes ressangramentos podem acontecer em 20 a 30% dos casos, e influenciam a recuperação neurológica, podendo inclusive evoluir com necessidade de nova neurocirurgia.
LINKS
Liu et al. Middle Meningeal Artery Embolization for Nonacute Subdural Hematoma. New England J Medicine 2024.