Publicado na Cerebrovascular Diseases – última edição.
Interessante. Tentou replicar o TOSS, mas alguns dos resultados foram diferentes.
Depois detalho o paper.
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Publicado na Cerebrovascular Diseases – última edição.
Interessante. Tentou replicar o TOSS, mas alguns dos resultados foram diferentes.
Depois detalho o paper.
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Por Maramélia Miranda
Sempre falo. Parece um mantra: Estamos sempre atrás dos cardiologistas. Uns 10-20 anos. Foi assim com prevenção secundária, foi assim com o uso de antitrombóticos, foi assim com os stents, foi assim com o desenvolvimento dos novos antiplaquetários, foi assim com trombólise no evento agudo, é assim, está sendo assim com a intervenção endovascular no evento agudo. Historicamente, eles nos conduzem.
AVC isquêmico. Infarto agudo do miocárdio.
Duas doenças, uma fisiopatologia semelhante: oclusão arterial aguda com infarto do tecido irrigado pela artéria ocluída. Tempo é músculo. Tempo é cérebro.
Neste ponto, temos uma pequena diferença: o miocárdio aguenta a isquemia um tempinho a mais. Nosso cérebro é cruel com os neurologistas: Temos muito pouco tempo. Além destas pouquíssimas horas, se deixar passar e não fizer nada, já infartou tudo. De nada adianta mais esforços. As sequelas estarão instaladas.
Agora, finalmente, depois de anos e anos acreditando, mas sem ter provas, de que talvez a “angioplastia primária” dos cardiologistas tivesse o mesmo efeito se fosse feita no cérebro, finalmente chegamos em 2015 com 4 respostas trazidas pelos estudos controlados e randomizados – MR CLEAN, ESCAPE, SWIFT-PRIME e EXTEND-IA – de que – sim!!!! Fazer a trombectomia na fase aguda de AVCi nos casos com oclusões proximais, faz diferença. (Veja vídeo com animação de uma trombectomia – AQUI).
Isso é realmente histórico.
Comparável ao dia em que foi publicado o estudo com rTPA no AVCi agudo na NEJM. Comparável ao estudo NASCET de 1991 em endarterectomia carotídea.
Comparável aos estudos da Cardiologia Intervencionista, que demonstraram a efetividade da angioplastia primária no tratamento do infarto agudo do miocárdio. Antes disso, a terapia de primeira linha era trombolisar. Depois, passou a ser angioplastia primária. Trombólise sozinha é feita em locais onde não se dispõe de Hemodinâmica cardíaca.
Agora, a nossa “angioplastia primária”, ou, me atrevo a dizer , nossa “trombectomia+trombólise primária”, é o estado da arte nos casos com critérios para fazê-la.
Feliz. Estou muito feliz. Todos os neurovasculares, apaixonados por esta área, e loucos de vontade de fazer mais bem, de oferecer sempre algo melhor aos nossos pacientes, todos nós estamos felizes!!!!
O novo desafio a partir de agora: Como implantar, disseminar, executar esta terapia em nosso país, onde a triste realidade é de que – ainda em muitos centros, não dispomos de profissionais capacitados para indicar nem mesmo o rTPA EV sistêmico!?
Como formar mais neurointervencionistas, para que estes possam ir trabalhar, abrir, criar mais centros de referência, onde ainda não há estes profissionais?
Isso vai ter que mudar.
Leia mais…
Acesso aos slides das apresentações, direto da homepage da ISC 2015
LINKS dos Estudos (artigos): MR CLEAN / ESCAPE / SWIFT-PRIME / EXTEND-IA
“11 de fevereiro de 2015 vai ficar na historia da Neurologia Vascular mundial. Os 3 estudos positivos, somados ao Mr Clean, apresentado em outubro de 2014 no Congresso Mundial de AVC, demonstraram 2,5 vezes mais chance de ficar independente com trombectomia do que com tratamento clinico. É a mudança mais importante na Neurologia Vascular nos últimos 20 anos, desde a demonstração em 1995 de que o rtPA melhorava a evolução de pacientes com AVC, terapia que permaneceu como único tratamento aprovado para o AVC ate o dia 11. A emoção com os resultados foi tão grande que as apresentações eram interrompidas no meio, por aplausos entusiasmados da platéia que assistiu, ao vivo, esta mudança histórica! Estamos felizes, emocionados e orgulhosos por fazermos parte desta mudança.” (Sheila Martins, neurovascular gaúcha, representante da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares junto à WSO – World Stroke Organisation)
“Agora nos resta aplicar os resultados dos estudos na nossa pratica clinica. Isso implica na construção de novos protocolos em serviços públicos e privados, que garantam que nossos pacientes consigam se beneficiar de tais resultados.” (Gisele Sampaio, neurovascular, docente da Neurologia da UNIFESP e presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares)
” Talvez o avanço maior no tratamento do AVC neste século…” (José Guilherme Caldas, diretor da Neurorradiologia Intervencionista do InRad-HC-FMUSP, comentando sobre os trials positivos em trombectomia publicados ontem)
“Em um dia, tivemos mais trials positivos em AVCi agudo do que nos últimos 20 anos.” (Werner Hacke, neurovascular alemão, comentando sobre a série de estudos positivos ESCAPE, MR CLEAN, EXTEND IA e SWIFT-Prime, apresentados na ISC 2015, em Nashville)
“EXTEND-IA, ESCAPE e SWIFT PRIME positivos!!! NNT de 3-7!!!! Agora temos 4 trials positivos para trombectomia!!! ” (Octávio Marques Pontes-Neto, neurovascular da FMUSP-Ribeirão Preto, idem)
“Acho que o emocionante foi ontem (i.e., 11 fev 2015). Agora só virão pequenas notícias.” (Gabriel de Freitas, neurovascular do Rio de Janeiro, comentando hoje – 12 fev, e referindo-se aos Highlights que ainda podem vir e às apresentações do dia 11 fev 2015, do congresso americano de AVC 2015).
“Incrível! Vocês precisavam ter visto! Três trials positivos apresentados em seguida e todos aplaudindo!!!”(Flávio Carvalho, neurovascular da UNIFESP e Hospital Albert Einstein, em mensagem enviada logo após a apresentação dos estudos em Nashville, na ISC 2015)
“Será antes e depois de 11 de fevereiro de 2015.” (eu, Maramelia Miranda, neurovascular da UNIFESP, conversando online com José Guilherme Caldas, neurorradiologista do InRAD-FMUSP, sobre o impacto que estes estudos terão na prática neurovascular a partir de agora)
Por Flavio Carvalho e Maramelia Miranda
Direto de Nashville – International Stroke Conference 2015!!!!!
O ESCAPE Trial foi apresentado hoje, com acesso online simultâneo na homepage da NEJM… Covidien (patrocinadora do trial) comemorando… A apresentação do primeiro slide no centro de convenções, aplaudida.
A seguir, foram apresentados os estudos EXTEND IA e Swift Prime, todos POSITIVOS para a terapia endovascular em agudos com AVCi. Depois mais resultados do MR CLEAN que havia sido apresentado no ano passado. A reação da plateia, cansada de anos e anos com estudos negativos na área, foi eufórica, com aplausos, e mais aplausos…
Portanto, nós neurologistas também ficamos muito felizes com novas evidências, mais uma opção do que fazer para os nossos pacientes!!!!!!!
Vejam os detalhes do ESCAPE, e abaixo os links dos outros 3 estudos de neurointervenção:::::: (corram, não sei quanto tempo os papers vão ficar com acesso free na revista)
BACKGROUND. Among patients with a proximal vessel occlusion in the anterior circulation, 60 to 80% of patients die within 90 days after stroke onset or do not regain functional independence despite alteplase treatment. We evaluated rapid endovascular treatment in addition to standard care in patients with acute ischemic stroke with a small infarct core, a proximal intracranial arterial occlusion, and moderate-to-good collateral circulation.
METHODS. We randomly assigned participants to receive standard care (control group) or standard care plus endovascular treatment with the use of available thrombectomy devices (intervention group). Patients with a proximal intracranial occlusion in the anterior circulation were included up to 12 hours after symptom onset. Patients with a large infarct core or poor collateral circulation on computed tomography (CT) and CT angiography were excluded. Workflow times were measured against predetermined targets. The primary outcome was the score on the modified Rankin scale (range, 0 [no symptoms] to 6 [death]) at 90 days. A proportional odds model was used to calculate the common odds ratio as a measure of the likelihood that the intervention would lead to lower scores on the modified Rankin scale than would control care (shift analysis).
RESULTS. The trial was stopped early because of efficacy. At 22 centers worldwide, 316 participants were enrolled, of whom 238 received intravenous alteplase (120 in the intervention group and 118 in the control group). In the intervention group, the median time from study CT of the head to first reperfusion was 84 minutes. The rate of functional independence (90-day modified Rankin score of 0 to 2) was increased with the intervention (53.0%, vs. 29.3% in the control group; P<0.001). The primary outcome favored the intervention (common odds ratio, 2.6; 95% confidence interval, 1.7 to 3.8; P<0.001), and the intervention was associated with reduced mortality (10.4%, vs. 19.0% in the control group; P=0.04). Symptomatic intracerebral hemorrhage occurred in 3.6% of participants in intervention group and 2.7% of participants in control group (P=0.75).
CONCLUSIONS. Among patients with acute ischemic stroke with a proximal vessel occlusion, a small infarct core, and moderate-to-good collateral circulation, rapid endovascular treatment improved functional outcomes and reduced mortality. (Funded by Covidien and others; ESCAPE ClinicalTrials.gov number, NCT01778335.)
LINKS dos Estudos (artigos)
Por Maramelia Miranda
Saiu “online first” no último dia 21 (semana passada), na revista Neurocritical Care.
O artigo é um resumo das principais evidências existentes hoje no manejo neurointensivo do infarto hemisférico maligno da artéria cerebral média.
Assim que terminar a leitura postarei os highlights do documento.
LINK
Por João Domingues ** e Maramelia Miranda
Um artigo interessante publicado neste mês na Medscape Neurology estima que em 2015 haverá cerca de 100 milhões de visitas mundo afora via telemedicina (“e-visits” – como eles dizem por lá), com uma economia de aproximadamente US$ 5 bilhões, em comparação às visitas tradicionais.
A Telemedicina oferece uma abordagem prática para pacientes se comunicarem com seus médicos ou outros especialistas à distância, sejam eles em todo o mundo ou do outro lado da cidade.
Para o tratamento da fase aguda do AVC, a Telemedicina trouxe um benefício muito grande, por levar neurologistas virtualmente a qualquer região com acesso a internet, em tempo-real, valorizando a máxima “tempo é cérebro”.
Em um país de dimensões continentais como o nosso, onde não dispomos de hospitais com neurologistas 24h, 7 dias por semana, a Telemedicina parece ter o seu espaço e vem ganhando cada vez mais a realidade. Experiências bem-sucedidas em Neurologia Vascular, como as dos grupos coordenados pelos Drs. Gustavo Kuster (Amil -SP) e Jefferson Fernandes (Hosp. Oswaldo Cruz), e pelas Dras. Gisele Sampaio (HIAE-SP) e Sheila Martins (Moinhos de Vento), são bons exemplos disso.
Porém, o artigo conclui que ainda é incerto o quanto a relação médico-paciente possa ficar prejudicada com esta nova tecnologia.
Fonte: http://www.medscape.com/
** Dr. João Domingues é neurologista e neurointensivista dos Hospitais Santa Paula e Samaritano, ambos em São Paulo.
Por Maramelia Miranda
Estas perguntas são muito, muito frequentes:
“Tenho que extrair meu dente, ou fazer um implante dentário.”
“Preciso fazer minha cirurgia de catarata.”
Ou coisas mais complexas. Os cirurgiões sempre pedem nosso aval, na questão do uso do AAS ou do anticoagulante, e como fazer nestes casos. Temos então que fazer o certo. Qual é o certo????
Vejam abaixo. Há recomendações neste sentido, e para a maioria dos procedimentos pequenos (odonto, catarata, dermatológicos) não é preciso parar a aspirina!!!
Oral Antithrombotic Agents for the Prevention of Stroke in Nonvalvular Atrial Fibrillation: A Science Advisory for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Atualização da AHA/ASA sobre o uso de anticoagulantes orais em Fibrilação Atrial não valvular, incluindo os novos estudos publicados sobre os novos anticoagulantes orais. Artigo original da Chest 2012.
Perioperative Management of Antithrombotic Therapy. Guia em forma de tabela, uma espécie de “resumo do resumo”, que mostra como orientar uso de antiagregantes e anticoagulantes em cirurgias, no período perioperatório. Muito bom!
Já coloquei estes links na nossa página de “Artigos de revisão e Guidelines”, ali em cima, na Aba :: Para os Neuros. Para qualquer consulta rápida.
Por Maramelia Miranda e Gabriel Lopes **
O que você faria com o caso ilustrado abaixo (angioRMs): Mulher de 78 anos, ativa e independente, portadora de hipertensão e dislipidemia, sem coronariopatia ou AVC prévio, que descobriu uma estenose carotídea assintomática em check-up com seu geriatra? Negou qualquer sintoma neurológico. A ressonância do crânio era normal, sem infartos cerebrais prévios. O Doppler Transcraniano não pode ser feito, por ausência de janelas temporais adequadas para avaliação de microembolia ou vasorreatividade.
Figura. AngioRM cervical (à esquerda) mostra estenose crítica na artéria carótida interna direita, com fluxo distal presente, e enchimento normal da carótida intracraniana e ramos distais (figura à direita).
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** Dr. Gabriel Lopes é neurologista, residente-R3 da Disciplina de Neurologia da UNIFESP.
Por Daniel Fialho **
Devemos esperar uma “gestação” para liberar nossos pacientes pós-AVCi para uma cirurgia não-cardíaca (exceto revascularização carotídea) eletiva ???
Hoje, as avaliações neurológicas estão ainda literalmente “em gestação”, reclusas aos grandes centros ou ao ambiente acadêmico, mas, com certeza, tornar-se-ão rotina, como é a avaliação cardíaca.
E vocês, qual o intervalo indicam entre um evento cerebral isquêmico e uma cirurgia eletiva?
Vejam o artigo da JAMA abaixo:
Jornal: JAMA
Autores e Local: Jørgensen et al (Copenhagen, Dinamarca)
Abstract
Importance: The timing of surgery in patients with recent ischemic stroke is an important and inadequately addressed issue.
Objective: To assess the safety and importance of time elapsed between stroke and surgery in the risk of perioperative cardiovascular events and mortality.
Design, Setting, and Participants: Danish nationwide cohort study (2005-2011) including all patients aged 20 years or older undergoing elective noncardiac surgeries (n=481 183 surgeries).
Exposures: Time elapsed between stroke and surgery in categories and as a continuous measure.
Main Outcomes and Measures: Risk of major adverse cardiovascular events (MACE; including ischemic stroke, acute myocardial infarction, and cardiovascular mortality) and all-cause mortality up to 30 days after surgery. Odds ratios (ORs) were calculated by multivariable logistic regression models.
Results: Crude incidence rates of MACE among patients with (n = 7137) and without (n = 474 046) prior stroke were 54.4 (95% CI, 49.1-59.9) vs 4.1 (95% CI, 3.9-4.2) per 1000 patients. Compared with patients without stroke, ORs for MACE were 14.23 (95% CI, 11.61-17.45) for stroke less than 3 months prior to surgery, 4.85 (95% CI, 3.32-7.08) for stroke 3 to less than 6 months prior, 3.04 (95% CI, 2.13-4.34) for stroke 6 to less than 12 months prior, and 2.47 (95% CI, 2.07-2.95) for stroke 12 months or more prior. MACE risks were at least as high for low-risk (OR, 9.96; 95% CI, 5.49-18.07 for stroke <3 months) and intermediate-risk (OR, 17.12; 95% CI, 13.68-21.42 for stroke <3 months) surgery compared with high-risk surgery (OR, 2.97; 95% CI, 0.98-9.01 for stroke <3 months) (P = .003 for interaction). Similar patterns were found for 30-day mortality: ORs were 3.07 (95% CI, 2.30-4.09) for stroke less than 3 months prior, 1.97 (95% CI, 1.22-3.19) for stroke 3 to less than 6 months prior, 1.45 (95% CI, 0.95-2.20) for stroke 6 to less than 12 months prior, and 1.46 (95% CI, 1.21-1.77) for stroke 12 months or more prior to surgery compared with patients without stroke. Cubic regression splines performed on the stroke subgroup supported that risk leveled off after 9 months.
Conclusions and Relevance: A history of stroke was associated with adverse outcomes following surgery, in particular if time between stroke and surgery was less than 9 months. After 9 months, the associated risk appeared stable yet still increased compared with patients with no stroke. The time dependency of risk may warrant attention in future guidelines.
** Daniel Fialho é neurologista, chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Francisco, em Concórdia, SC.