Terapias recomendadas na fase aguda da Migrânea: Recomendações AHS

Por Maramelia Miranda

Além da diretriz recentemente publicada, sobre fase aguda da migrânea, enumero publicações interessantes, retiradas dos artigos mais lidos da Cephalalgia, consulta obrigatória para a queixa número um no consultório de neurologistas, no mundo todo: cefaleia.

Especificamente em relação à enxaqueca ou migrânea, além do artigo-diretriz, no tratamento de fase aguda, tem outros de revisão, sobre antiepilépticos e demais drogas na profilaxiadas crises.

LINKS

Marmura et al. The Acute Treatment of Migraine in Adults: The American Headache Society Evidence Assessment of Migraine Pharmacotherapies. Headache 2015.

Mulleners et al. Antiepileptics in migraine prophylaxis: An updated Cochrane review. Cephalalgia 2014.

Weatherall M. The diagnosis and treatment of chronic migraine. Cephalalgia 2015.

Kelley et al. Rescue Therapy for Acute Migraine, Part 3: Opioids, NSAIDsSteroids, and Post-Discharge Medications. Caphalalgia 2012.

Kelley et al. Rescue Therapy for Acute Migraine, Part 1: Triptans, Dihydroergotamine, and Magnesium. Cephalalgia 2012.

Novo guideline da AAN em primeira crise convulsiva em adultos

Publicado ontem, 20 de abril, no congresso da Academia Americana de Neurologia (American Academy of Neurology), em Washington.

Pontos principais do documento

— Aguardem…

LINK

Krumholz et al. Evidence-based guideline: Management of an unprovoked first seizure in adults. Report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology and the American Epilepsy Society. Neurology 2015.

Clopidogrel no Alto Custo

Como sou lerda.

Já tem clopidogrel no alto custo. E parece-me que desde 2012, apenas para síndrome coronariana, mas hoje recebemos uma paciente no ambulatório que conseguiu pegar o medicamento com o CID I21.8.

Agora reclamo: Ôoo SUS, pelo amor! Lerdo feito uma tartaruga.

Enquanto só agora libera pra valer o clopidogrel para os coronarianos e também doentes neurológicos, estudos novos mostram benefício de ticagrelor (em dupla antiagregação) a longo prazo para prevenção de IAM, AVC e morte cardiovascular. Vejam NEJM desta semana – AQUI.

AQUI, clique para ver como prescrever e informar endereços em SP. Com LME atualizada e tudo!!!!

E AQUI para ver a listinha atualizada em Janeiro de 2015…

Bom saber.

Por último, pergunto: E o ticagrelor? Vai chegar no SUS em 2025?!?!?! Amigos do Arthur Chioro, por favor, habilitem-se e falem urgente com este ministro, please!!!!!

O paraíso da Neuromuscular

Confesso meu pecado. Não escrevo quase nada de neuromuscular. Mas convenhamos, é bem específico, e realmente não é nosso dia-a-dia. Hoje vou me redimir. Falando em Neurointensivismo, sempre lembramos das duas principais condições: Guillain-Barré e Miastenia Gravis.

Pensou em alguma coisa bem cabeluda, bem difícil em Neuromuscular?!

Na homepage da Washington University (St Louis) tem.

Não diria tudo, porque sempre alguém vai achar uma raridade da raridade que não encontrará no site, mas quase tudo sobre as principais doenças em Neuromuscular… Aí você irá encontrar…

Site: NM Site da Washington University/Saint Louis (WUSTL) – NEUROMUSCULAR   DISEASE   CENTER

REFLEX-TEST

Divirtam-se, coleguinhas!

Neurologistas em formação: Desenvolvam suas habilidades clínicas!

Por Maramelia Miranda

Um artigo de revisão muuuito bom foi publicado este mês na JNNP. E foi um dos artigos escolhidos pelo editor, Matthew Kiernan, para ficar aberto aos leitores da Internet, e não apenas aos assinantes!!!!!

Nicholl & Appleton. Clinical neurology: why this still matters in the 21st century. JNNP 2015.

Os autores discutem sobre aspectos do que assistimos constantemente na prática da Neurologia, os dois lados: aqueles profissionais que enchem os pacientes de pedidos de exames médicos, porque hoje você consegue ver até a substância negra do doente com Parkinson!!! Vemos microbleeds nos exames de ressonância magnética! Ao contrário, há neurologistas que já conseguem dizer o correto diagnóstico apenas ouvindo a história do paciente. E há neurologistas que não sabem nem pegar num martelo para testar reflexos profundos! Algumas vezes, um monte de exames desnecessários atrasam um diagnóstico que urge em receber o correto tratamento…

No fundo, no fundo, detalhes como uma boa história e detalhamento minucioso dos sintomas, um bom exame neurológico, continuam sendo imbatíveis na construção dos diagnósticos neurológicos…

hammer-neuro

Recado: Ouça, ouça, ouça; depois veja, examine, observe… Terceiro: pense, pense, pense. O que pode ser isso?

E por último, após enumerar os diagnósticos diferenciais, aí sim, peça os exames COMPLEMENTARES, que irão auxiliar a montagem do quebra-cabeças que é uma consulta em Neurologia, na parte final da definição das suas hipóteses.

Artigo imperdível. 

Para abrir o artigo direto no seu aparelho (tablet ou celular), podem escanear o code abaixo.

code-bar

Fonte da imagem: UCSD.

Classificação Internacional de Cefaleia: Versão em português

Por João José de Carvalho **

Saiu a tradução da Classificação Internacional de Cefaleia (International Headache Classification Disorders – ICHD) – 3a. edição – versão beta, em português. É português de Portugal e, como deve ser, eles chamam enxaqueca (do árabe “sagiga”, mesma origem de “jaqueca” em espanhol) de enxaqueca (e não “migranea”, do inglês arcaico “megrim”, e posteriormente “migraine”) e “cefaleia tensional” de cefaleia do tipo tensão (termo mais apropriado e tradução correta do original para o português).

Quem sabe a Sociedade Brasileira de Cefaleia segue o mesmo caminho na tradução em curso da ICHD3 para o nosso português.

dilma-cefaleia

LINKS

International Headache Society – IHS – Link para as versões traduzidas

ICHD – 3a. Edição – Versão em Português

** Dr. João José de Carvalho é Neurologista do Hospital Geral de Fortaleza.

Cirurgia pós-AVC isquêmico: Quando fazer?

Por Daniel Fialho **

Devemos esperar uma “gestação” para liberar nossos pacientes pós-AVCi para uma cirurgia não-cardíaca (exceto revascularização carotídea) eletiva ???

Hoje, as avaliações neurológicas estão ainda literalmente “em gestação”, reclusas aos grandes centros ou ao ambiente acadêmico, mas, com certeza, tornar-se-ão rotina, como é a avaliação cardíaca.

E vocês, qual o intervalo indicam entre um evento cerebral isquêmico e uma cirurgia eletiva?

Vejam o artigo da JAMA abaixo:

Time Elapsed After Ischemic Stroke and Risk of Adverse Cardiovascular Events and Mortality Following Elective Noncardiac Surgery

Jornal: JAMA

Autores e Local: Jørgensen et al (Copenhagen, Dinamarca)

Abstract

Importance: The timing of surgery in patients with recent ischemic stroke is an important and inadequately addressed issue.

Objective:  To assess the safety and importance of time elapsed between stroke and surgery in the risk of perioperative cardiovascular events and mortality.

Design, Setting, and Participants:  Danish nationwide cohort study (2005-2011) including all patients aged 20 years or older undergoing elective noncardiac surgeries (n=481 183 surgeries).

Exposures:  Time elapsed between stroke and surgery in categories and as a continuous measure.

Main Outcomes and Measures: Risk of major adverse cardiovascular events (MACE; including ischemic stroke, acute myocardial infarction, and cardiovascular mortality) and all-cause mortality up to 30 days after surgery. Odds ratios (ORs) were calculated by multivariable logistic regression models.

Results:  Crude incidence rates of MACE among patients with (n = 7137) and without (n = 474 046) prior stroke were 54.4 (95% CI, 49.1-59.9) vs 4.1 (95% CI, 3.9-4.2) per 1000 patients. Compared with patients without stroke, ORs for MACE were 14.23 (95% CI, 11.61-17.45) for stroke less than 3 months prior to surgery, 4.85 (95% CI, 3.32-7.08) for stroke 3 to less than 6 months prior, 3.04 (95% CI, 2.13-4.34) for stroke 6 to less than 12 months prior, and 2.47 (95% CI, 2.07-2.95) for stroke 12 months or more prior. MACE risks were at least as high for low-risk (OR, 9.96; 95% CI, 5.49-18.07 for stroke <3 months) and intermediate-risk (OR, 17.12; 95% CI, 13.68-21.42 for stroke <3 months) surgery compared with high-risk surgery (OR, 2.97; 95% CI, 0.98-9.01 for stroke <3 months) (P = .003 for interaction). Similar patterns were found for 30-day mortality: ORs were 3.07 (95% CI, 2.30-4.09) for stroke less than 3 months prior, 1.97 (95% CI, 1.22-3.19) for stroke 3 to less than 6 months prior, 1.45 (95% CI, 0.95-2.20) for stroke 6 to less than 12 months prior, and 1.46 (95% CI, 1.21-1.77) for stroke 12 months or more prior to surgery compared with patients without stroke. Cubic regression splines performed on the stroke subgroup supported that risk leveled off after 9 months.

Conclusions and Relevance:  A history of stroke was associated with adverse outcomes following surgery, in particular if time between stroke and surgery was less than 9 months. After 9 months, the associated risk appeared stable yet still increased compared with patients with no stroke. The time dependency of risk may warrant attention in future guidelines.

 

** Daniel Fialho é neurologista, chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Francisco, em Concórdia, SC.

Cirurgia em Epilepsia: Artigo de revisão

Epilepsy surgery in children and adults

Autores: Ryvlin, Cross & Rheims.

Revista: Lancet Neurology (artigo de revisão)

Summary: Epilepsy surgery is the most effective way to control seizures in patients with drug-resistant focal epilepsy, often leading to improvements in cognition, behaviour, and quality of life. Risks of serious adverse events and deterioration of clinical status can be minimised in carefully selected patients. Accordingly, guidelines recommend earlier and more systematic assessment of patients’ eligibility for surgery than is seen at present. The effectiveness of surgical treatment depends on epilepsy type, underlying pathology, and accurate localisation of the epileptogenic brain region by various clinical, neuroimaging, and neurophysiological investigations. Substantial progress has been made in the methods of presurgical assessment, particularly in patients with normal features on MRI, but evidence is scarce for the indication and effect of most presurgical investigations, with no biomarker precisely delineating the epileptogenic zone. A priority for the development of epilepsy surgery is the generation of high-level evidence to promote the harmonisation and dissemination of best practices.

Como está o mercado de trabalho dos Neurologistas?

Neuro-biceps-reflex1

NÃO SABEMOS!!!!!!!!

A realidade mesmo é que não temos dados concretos a respeito disso.

Dois pesquisadores da UFRJ e UNIFESP estão realizando uma pesquisa online sobre o mercado de trabalho para Neurologistas. A pesquisa ajudará a entender melhor a situação da nossa especialidade. Os dados respondidos são sigilosos, cegos para os investigadores, e não serão identificados. Quem quiser, poderá reenviar o link para outros colegas Neurologistas, disseminando a pesquisa.

Lembrando que o questionário é curto, não consumindo mais do que 5 minutinhos do seu tempo, e que, ao final, você deverá aguardar cerca de 20 segundos a tela de confirmação.

Apenas após esta mensagem suas respostas entrarão na pesquisa.

LINK DA PESQUISA – AQUI

Neuropalliative Care: Como eu traduzo isso?

Por Maramelia Miranda

Comecei a ler este artigo, achei-o bem interessante, e assim como faço sempre, vou lendo e fazendo a resenha para divulgar aqui. 

Mas… Na hora de passar para o português, a dúvida: Como traduzir esta nova “subespecialidade”, este novo campo de atuação da Neurologia? Seria, por acaso, Cuidados Neuropaliativos?!  🙂

O artigo, um texto curto (3 páginas), está publicado ASAP esta semana na Neurology – AQUI. Acesso free, livre! Corram para baixar!!!! 

palliative-500
Número de hospitais nos EUA com equipe de Cuidados Paliativos. Fonte: capsules.jaiserhealthnews.org.

Robinson & Barrett discutem no texto sobre a especialidade já consolidada nos EUA, a Medicina Paliativa, e uma nova visão de mercado da conjunção desta área médica com a nossa especialidade, uma vez que tratamos de muitos casos com sequelas sérias, cuidamos de muitos pacientes com doenças degenerativas e incuráveis bastante sérias, onde este assunto quase sempre vem à tona.

O trato dos pacientes, de suas famílias, saber como abordar temas tão delicados, como perceber as expectativas de todos, algumas reais, outras totalmente irreais, sobretudo em um país com uma cultura latina, religiosa tão forte, como é o nosso… Em um país onde não há a prática de retirada de cuidados, diferentemente de outros locais…

Este é um tema, uma área que deveria fazer, necessariamente, parte da formação dos nossos residentes em Neurologia, e diria também (por que não?!), dos residentes da Neurocirurgia… Na UNIFESP, os residentes da Neuroclínica passam em rodízio com o grupo de Cuidados Paliativos. Certíssimo. Tem que ser.

Leiam o texto. Vale a leitura.

LINKS

Robinson & Barret. Emerging Subspecialties in Neurology: Neuropalliative care. Neurology 2014.