Leituras (e filme) da semana

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Debate da Folha deste sábado, sobre a vinda de médicos estrangeiros para o  Brasil: Ponto de vista de Alexandre Padilha – “Mais médicos: o cidadão não pode esperar” versus Roberto D’Avila – “Não se faz boa saúde com falácias”… Debate quente!

Filme: Cloud Atlas (título em português – A Viagem). 2012. Dir.: Tom Tykwer, Andy Wachowski, Lana Wachowski (isso mesmo – 3 diretores). Maravilhoso, maravilhoso. Prepare seus neurônios, demora para cair a ficha.

 

 

Ultrassom é mais sensível do que ressonância magnética para doença do nervo periférico

Por Maramelia Miranda e Marcos Lange *

Zaidman e colaboradores, da Washington University, em St Louis, publicaram recentemente na conceituada revista Neurology, um estudo pequeno, retrospectivo, avaliando 53 pacientes referidos para o seu laboratório de ultrassom, dos quais 87% tinham doença do nervo periférico comprovada por estudo eletrofisiológico ou biópsia.

Os autores avaliaram, neste grupo de pacientes que tinham os dois exames complementares, a sensibilidade e especificidade do ultrassom neuromuscular (USNM) em comparação com a ressonância magnética de nervo (RM).

O que encontraram? Uma maior sensibilidade do USNM para detecção de lesões – 93% do USNM vs 67% da RM (43/46 casos com doença (+) pelo USNM; versus 31/46 com doença (+) pela RM). P<0.001.

A especificidade foi semelhante entre os dois métodos: 86% de chance de exclusão de patologia neuromuscular para US ou RM.

As doenças ou alterações que foram visualizadas no USNM, mas não pela RM foram: espessamento de nervo periférico (n=8), tumor da bainha nervosa (n=3), compressão por feixe muscular anômalo (n=1) e hemangioma (n=1).

Vantagens do USNM:

– menor custo, maior rapidez do exame;

– maior resolução espacial;

– imagem do nervo em continuidade (diferentemente da RM, em slices);

– maior facilidade de comparação do lado normal vs anormal;

– maior facilidade de detectar alterações segmentares do calibre do nervo.

Vantagens da RM:

– Maior contraste entre tecidos;

– Melhor imagem de estruturas profundas, nervos próximos ao osso;

– Melhor caracterização de estruturas e realces com uso de contraste e diferentes sequências de ressonância.

Por fim, o estudo sugere uma abordagem diagnóstica, onde, no algoritmo de avaliação inicial por imagem da neuropatia periférica, caso o local da suspeita de neuropatia possa ser estudada por US , priorizar este método ao invés da indicação direta de neurografia por RM.

Algoritmo sugerido para a avaliação por imagem das lesões de nervo periférico. Adaptado, com permissão de C. Zaidman (autor). Clique na imagem para ampliar.

LINKS

Zaidman et al. Detection of peripheral nerve pathology: Comparison of ultrasound and MRI. Neurology 2013;80:1-7.

* Dra. Maramelia Miranda é neurologista e neurossonologista da UNIFESP e do Fleury-SP; Dr. Marcos Lange é neurologista e neurossonologista do Hosp. de Clínicas, UFPR.

Leituras da semana

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Resumo da conferência americana de AVC 2013, que ocorreu no Havaí, publicado na Newsletter MD Conference Express ISC 2013, da American Heart Association.

Mesenchymal stem cell transplantation attenuates brain injury after neonatal stroke. Artigo original publicado na Stroke de Abril de 2013.

Alzheimer biomarkers in clinical practice. Medscape Neurology: Apr 1.

Does thrombectomy have a future in Stroke? Hans Diener para Medscape: Mar 26.

E para desligar um pouquinho das leituras neurológicas:::

Os 25 países menos visitados do mundo

Como economizar na viagem das férias usando a tática do “cara-ou-coroa”.

Uma pequena comparação dos preços (exorbitantes) dos restaurantes de São Paulo com Paris e Nova Iorque…

A “The Economist” constata: São Paulo é a 2a. cidade mais cara do mundo para se ter um carro. Do site g1.com.br.

Leituras da Semana

Por Maramelia Miranda

Intravenous immunoglobulin for treatment of mild-to-moderate Alzheimer’s disease: a phase 2, randomised, double-blind, placebo-controlled, dose-finding trial. Lancet Neurology 2013;12(3):233-243.

Meta-analysis of early non-motor features and risk factors for Parkinson disease. Ann Neurology 2012;72(6):893-901.

Why Calls for More Routine Carotid Stenting Are Currently Inappropriate: An International, Multispecialty, Expert Review and Position Statement. Stroke 2013, publicado ASAP 19 mar 2013.

Guidelines for the Early Management of Patients With Acute Ischemic Stroke. A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2013; 44: 870-947.

Manual de Rotinas para Atenção ao AVC – Versão 2013

Por Maramelia Miranda

Já está disponível no site do Ministério da Saúde, o novo e atualizado Manual de Rotinas para Atenção ao AVC, organizado pela Dra. Sheila Martins (RS) em parceria com o Ministério e diversos colaboradores. Seu formato é bastante interessante, um guia rápido-direto-mas-completo, para os profissionais de enfermagem, médicos emergencistas e neurologistas que atuam com o AVC agudo. Boa pedida!

Acesso ao documento PDF –> AQUI.

MISTIE II reascende o tratamento cirúrgico como opção para o hematoma intracraniano

Para ver mais…

+++ AVC Hemorrágico

 

Por Maramelia Miranda

Tags: hematoma intracraniano, AVC hemorrágico, AVCH, hemorragia intraparenquimatosa, cirurgia minimamente invasiva, MISTIE, estudo clínico, resultados, tratamento, rTPA, trombolítico

Com o maior prazer do mundo, finalmente, venho trazer boas notícias na área de AVC – hematoma intraparenquimatoso… Novidades no ar!!!!

Sabemos todos que a doença AVC Hemorrágico (AVCh), em 2013, ainda é um desafio para todos nós neurologistas, neurointensivistas e neurocirurgiões que lidamos diariamente com Neurologia Vascular.

Nos últimos anos, os principais estudos avaliando drogas (FAST – fator VII ativado), intenvenções clínicas (Interact fase II – redução da PA na fase aguda) e cirúrgicas na fase aguda (STICH – trial sobre cirurgia), foram negativos.
Finalmente, este ano de 2013 promete!!!


Direto de Honolulu, no Havaí, o Dr. Daniel Hanley (PI do MISTIE e CLEAR III trials) apresentou hoje, no International Stroke Conference 2013, os dados iniciais do MISTIE trial  – “Minimally Invasive Surgery plus tPA for Intracerebral Hemorrhage Evacuation”, um estudo prospectivo e controlado, financiado pelo NINDS, que testa o tratamento do AVCh com drenagem via cateter – a cirurgia mimimamente invasiva, associada à infusão local de rTPA.
A hipótese é a mais simples possível: reduzir o tamanho do hematoma na fase aguda, e esperar que haja consequente redução da mortalidade e melhora do desfecho clínico.
Colegas, os dados, embora de uma amostra pequena do estudo fase II, são extremamente animadores:

  • 14% de melhores desfechos (escores 0 a 2) na escala modificada de Rankin, a favor do braço tratado com MIS (cirurgia minimamente invasiva) +rTPA local
  • Menor tempo de permanência hospitalar nos sujeitos tratados com cirurgia
  • Menor porcentagem de pacientes em instituições de longa permanência no grupo cirúrgico
  • Custo por paciente menor em cerca de U$44.000, a favor do grupo cirúrgico


Desfecho funcional pela escala modificada de Rankin, entre os grupos de tratamento clínico vs cirúrgico.

Os dados completos da apresentação do Dr. Hanley – slides, números, tabelas e tudo mais… Estão com livre acesso na homepage da ISC 2013 / AHA – AQUI.

E em Maio de 2013, em Londres, o Interact II será apresentado… Será que o controle agressivo da PA na fase aguda é benéfico?!!!!

Com os resultados do MISTIE II, agora esperamos ansiosos a convocação para o MISTIE III, para testar os achados do estudo de fase II em uma amostra maior de pacientes!!!!!

Não custa lembrar que, neste estudo, a técnica usada foi de cirurgia mimimamente invasiva, com drenagem via cateteres e uso de rTPA para dissolução do coágulo. Ou seja, nada de ficarmos por aí, a partir de agora, indicando cirurgias /craniotomias abertas… Just to remember!

E para a nossa prática, só nos resta aguardar o futuro, e se preparar para o que virá: atenção colegas neurocirurgiões, vamos aprender a fazer esta tal de cirurgia mimimamente invasiva?!!!! Com infusão adicional local de rTPA???!!!!!

Leiam o material da apresentação… LINKS AQUI e AQUI. Números muito interessantes…

Corticóides e antivirais em Paralisia de Bell: Evidence-based Update 2012

Por Maramélia Miranda

Ah…! Agora quero ver…! Será que vou continuar “pegando” os vários pacientes com prescrições de valaciclovir (como costumeiramente pego!) nas Paralisias de Bell??? Continuarão os defensores dos antivirais a prescrevê-los indiscriminadamente por aí…???

Um novo guideline publicado pela Academia Americana de Neurologia, em Novembro de 2012, atualiza especificadamente as condutas relacionadas ao uso clínico de corticosteróides (CE) e antivirais nestes casos… E o resumo das evidências é:

1) Sim aos corticóides

2) Não aos antivirais (salvo em alguns casos com contraindicação aos CE).

PARA LER MAIS

Gronseth GS and Paduga R. Evidence-based guideline update: Steroids and antivirals for Bell palsy. Report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology

From Medscape: “Why Neurology needs The Beatles”

Por Maramelia Miranda

Não costumo (re)postar conteúdo de outros sites aqui no Blog, mas este artigo-entrevista com Dr. Concetta M. Tomaino, colega de pesquisas do mais famoso neurologista-escritor Oliver Sacks, fala lindamente sobre os efeitos da música em algumas doenças na área de Neurologia, como Parkinson, demências e afasias… Que texto realmente interessante…!

Link AQUI — > Mending the Brain Through Music (Medscape Neurology)

Atenção: nada de ficar ouvindo… Ou pior! Prescrevendo aos seus pacientinhos: Luan Santana, Gustavo Lima, Michel Teló, Calipso, Empreguetes, entre outras “coisas” deste nível…

Sejam seletos, for God´s sake !!!!