Escore ICH no Hematoma Intraparenquimatoso

Simples, fácil de fazer.

E pra que serve? Mais uma escala burra para decorar? Mais um indicador fútil para registrar?

Naaaãoooooooooo!!!!!!!

ICH escore-Lembrança-NICU

Quando tiver diante de um paciente com AVCh hipertensivo, por exemplo, o subtipo mais frequente de hemorragia intracerebral, muitas famílias irão te perguntar:

“E qual é o prognóstico, doutor?!”

Esta escalinha, chamada de escore ICH (intracranial hemorrhage), ou ICH score, que já foi validada em vários centros diferentes da escala publicada originalmente por Hemphill e colaboradores, realmente funciona.

De acordo com a pontuação, há uma estimativa da de mortalidade em 30 dias…

Pra calcular o volume do hematoma em ml, tem que usar a regrinha ABC/2 na tomografia de crânio. Daqui a pouco posto aqui como é fácil.

LINKS

Hemphill et al. The ICH Score. A Simple, Reliable Grading Scale for Intracerebral Hemorrhage. Stroke 2001.

CLEAR-3: Trombólise intraventricular pode auxiliar nos hemoventrículos

Um post exclusivamente para este trial, tão aguardado por anos e anos, é bem merecido.

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O CLEAR-III avaliou o uso de rTPA em doses baixas, administrado dentro do ventrículo, por meio de derivação venticular externa (DVE), em pacientes com AVCh com pequeno componente parenquimatoso e/ou hemoventrículo associado, ou apenas em casos de hemoventrículo puro.

E foi negativo. 🙁

Negativo para o desfecho primário, que era status funcional pela escala modificada de Rankin.

Mas vejam só, quando se avalia a mortalidade, um desfecho secundário, houve um decréscimo de 10% desta variável em relação ao grupo placebo. E quando se avaliou subgrupos específicos, os pacientes com maior quantidade de sangue intraventricular foram os que mais se beneficiaram da terapia trombolítica.

O estudo de fase 3 foi apresentado pelo Dr. Daniel Hanley, ontem em Los Angeles.

Hanley DF et al. Clot Lysis: Evaluating Accelerated Resolution of Intraventricular Hemorrhage (CLEAR III) Results. ISC 2016.

Atualização no manejo da temperatura após PCR

O International Liaison Committee on Resuscitation, junto com comitês de ressuscitação da AHA e da associação americana de Medicina Intensiva atualizaram as diretrizes sobre o manejo da temperatura dos pacientes após parada cardíaca, que até 2013 eram submetidos à hipotermia induzida, estratégia que foi modificada mais recentemente, após a publicação do TTM (Targeted Temperature Management) Trial, que foi negativo sobre o benefício desta terapia.

Agora, a recomendação é de “controle da temperatura”, ou, prefiro o termo em inglês, o qual ainda não sei ao certo, uma boa tradução… ” Targeted Temperature Management”.

Pois bem, pessoal… Para adultos com PCR com ou sem ritmo chocável, é recomendado manter a temperatura entre 32°C e 36°C por 24 horas (mínimo) após a PCR. Abaixo, deixo os links da diretriz, publicada no mês de outubro na Circulation, e dois artiguinhos importantes, o estudo TTM, da NEJM e um artigo de discussão na Critical Care.

LINKS

Donnino et al, and the ILCOR ALS Task Force. Temperature Management After Cardiac Arrest An Advisory Statement by the Advanced Life Support Task Force of the International Liaison Committee on Resuscitation and the American Heart Association Emergency Cardiovascular Care Committee and the Council on Cardiopulmonary, Critical Care, Perioperative and Resuscitation. Circulation 2015.

Nielsen et al. Targeted Temperature Management at 33°C versus 36°C after Cardiac Arrest. NEJM 2013.

Wise et al. Targeted temperature management after out-of-hospital cardiac arrest: certainties and uncertainties. Crit Care 2014.

 

EuroTherm3235: Hipotermia foi ruim no TCE grave

Na verdade, hipotermia com alvos de temperatura entre 32-35 graus foi pior do que não fazê-la. O estudo foi terminado pelas questões de segurança…

Na escala de outcomes de Glasgow extendida, um dos desfechos medidos do estudo, o desfecho favorável (GOS-E entre 5-8) ocorreu em 26% do grupo com hipotermia, e 37% nos controles (P=0.03)…

O artigo e seu editorial estão com acesso livre na homepage da NEJM.

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LINKS

Andrews et al. Hypothermia for Intracranial Hypertension after Traumatic Brain Injury. NEJM 2015.

Robertson & Ropper. Getting Warmer on Critical Care for Head Injury. NEJM 2015. Editorial sobre os resultados do EuroTherm3235.

EEG contínuo na Encefalopatia anóxica pós-PCR prediz desfechos. Entenda!

Um grupo holandês publicou na Neurology este mês um trabalho muito interessante, de um assunto que muito nos interessa – na verdade interessa mais aos neurohospitalistas / neurovasculares, quando frequentemente somos chamados para avaliar encefalopatias anóxicas pós-PCR…). O paper está com acesso livre. Aproveitem…

Os autores analisaram um grupo prospectivo de 277 pacientes em 2 UTIs, com o diagnóstico de coma pós-PCR. É bastante gente, considerando o problema estudado.

Fizeram EEG contínuo por 3 dias após a PCR. Categorizaram os padrões de EEG em desfavorável, intermediário ou favorável. Analisaram e juntaram estes dados com a clínica, ressuscitação, padrão do potencial evocado somatossensitivo (PESS) e desfechos em 6 meses. Cruzaram as variáveis e fizeram modelos preditores de prognóstico pior ou favorável após um coma pós-PCR.

Concluíram que o EEG feito de forma contínua dentro das primeiras 24h foi um dado robusto de predição prognóstica em pacientes comatosos após PCR. Outros dados interessantes: o padrão de EEG nas 24h, junto com ausência de reflexo pupilar em 48h e de passagem de estímulos no PESS em 72 horas, tiveram uma especificidade de 100% e sensibilidade de 50% para desfecho desfavorável. Ao contrário, um EEG favorável nas primeiras 12h foi fortemente preditor de bom desfecho.

EEG na UTI em pós-PCR: Ferramenta para prognosticar desfechos.

LINK

Hofmeijer et al. Early EEG contributes to multimodal outcome prediction of postanoxic coma. Neurology 2015.

VASOGRADE: Vai ou não vai ter DCI?????

Atenção caros internautas-neuros.

Vasoespasmo é uma coisa.

Vasoespasmo sintomático é outra.

Isquemia cerebral tardia (DCI – delayed cerebral ischemia), ainda outra. Ops!!!!! Você não sabe o que é isquemia cerebral tardia ?!?! Pára tudo e aperta o botão Rewind já!!!!!

Os termos estão imbricados na “doença” vasoespasmo / hemorragia subaracnoidea, coisa que ainda não sabemos muito bem, de onde vem, nem porque se manifesta apenas em alguns, em outros não, como fica tão grave em alguns, em outros não…

Ou seja, como bem diz um neuro dos “velhos”: Entre as grandes perguntas da neurologia, algumas delas são: o que é vasoespasmo?!? como evitar, como prevenir, como tratar vasoespasmo?!??!

Quem quiser fazer qualquer tese, pode estudar isso, que consegue publicações em várias revistas. Muitas coisas ainda para descobrir.

E para tentar responder a perguntinha do título deste post, vários autores já publicaram tentativas de predizer se um paciente vai ou não ter DCI…

Publicado online first na Stroke deste mês, artigo fresquinho saído do forno, sobre o uso da escala VASOGRADE, validada numa coorte de pacientes com HSA (de dois estudos clínicos fase II e uma séria canadense). Atenção: autor brasileiríssimo, Airton Leonardo Manoel, que agora está no Hospital Albert Einstein. O mesmo das revisões de HSA que postamos aqui algumas semanas atrás.

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Vale a pena conferir.

LINK

de Oliveira Manoel et al. The VASOGRADE. A Simple Grading Scale for Prediction of Delayed Cerebral Ischemia After Subarachnoid Hemorrhage. Stroke 2015.

 

 

Revisão: Manejo da Hemorragia Subaracnóidea espontânea

Por Maramelia Miranda

Excelente!!! Muito bom mesmo o artigo de revisão sobre HSA, publicado este mês na Cleveland Clinic Journal of Medicine, de autoria principal do nosso colega brazuca Leonardo Manoel, que fez Fellowship em NeuroUTI no St. Michael Hospital, em Toronto, e já voltou à terrinha (para sorte nossa e tristeza dos canadenses).

O artigo revisa todos os aspectos da doença, desde as escalas mais utilizadas, até fluxogramas de atendimento feitos no hospital canadense –> não deixem de ver as Figuras 2, 3 e 5 do artigo!!!! Algoritmos muito bons! O autor do artigo comenta (vejam acima, no link de comentários) sobre o trabalho e envolvimento das equipes para a montagem dos algoritmos de tratamento. Abaixo mais artiguinhos sobre o tema, igualmente interessantes…

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HSA: Atualização 2015!!!

LINKS

Manoel et al. Managing aneurysmal subarachnoid hemorrhage: It takes a team. Cleveland Clinic J Med 2015. Artigo aberto para download.

Manoel et al. Aneurysmal subarachnoid haemorrhage from a neuroimaging perspective. Critical Care 2014. Artigo aberto para download.

Manoel et al. Safety of Early Pharmacological Thromboprophylaxis after Subarachnoid Hemorrhage. Can J Neurol Sci 2014. 

Dor, sede, ansiedade, dispneia e sono: 5 coisas além da monitoração multimodal em UTI…

Por João Roberto Domingues **

Em um ambiente em que estamos cada vez mais imersos na tecnologia e monitorização multimodal, um interessante artigo publicado na Intensive Care Medicine deste mês vem resgatar os cinco principais sintomas relatados por pacientes internados em UTI:

1) Dor: mais do que avaliar um simples “sim” ou “não”, é importante checar a intensidade da dor. Não esquecer que um dos eventos mais relatados geradores de dor é a mudança de decúbito. Nesta avaliação, podemos otimizar as doses e horários dos analgésicos que também influenciam em um menor tempo de pacientes em ventilação mecânica e permanência na UTI;

2) Sede: um dos mais prevalentes e intensos sintomas observados na UTI, e ainda assim pouco valorizado. Devemos ter uma especial atenção a pacientes recebendo doses maiores de morfina (acima de 50mg por dia) e de furosemida (mais do que 60mg por dia); 

3) Ansiedade: avaliada inclusive por cartões de desenhos, pode ser manejada por alterações no ambiente, como música, acompanhamento de familiares ou profissional, e uso de sedativos;

4) Dispnéia: mais da metade dos pacientes em ventilação mecânica não totalmente sedados queixam-se de dispnéia. Este sintoma também pode ser avaliado através de escalas visuais, e deve ser acompanhado por uma fisioterapeuta experiente;

5) Insônia ou sono não reparador: frequentemente relacionado ao delirium, é um sintoma que pode ser corrigido por um melhor controle do ruído do ambiente, inclusive dos alarmes dos monitores, da luz, dos horários das coletas dos exames da rotina, Rx e administração de medicamentos, além da correta administração de sedativos ou indutores de sono.

Os autores concluem que a má avaliação e condução destes sintomas levam o paciente à um maior sofrimento, falência no desmame da ventilação mecânica e delirium.

ICU

Que tal olhar e conversar mais com os pacientes?

LINK

Chanques, Nelson & Puntillo. Five patient symptoms that you should evaluate every day. Intensive Care Med 2015.

** Dr. João Domingues é neurologista e neurointensivista dos Hospitais Santa Paula e Samaritano, ambos em São Paulo.

Large Hemispheric Infarct: Evidence-based Guideline publicado!

Por Maramelia Miranda

Saiu “online first” no último dia 21 (semana passada), na revista Neurocritical Care.

O artigo é um resumo das principais evidências existentes hoje no manejo neurointensivo do infarto hemisférico maligno da artéria cerebral média.

Assim que terminar a leitura postarei os highlights do documento.

LINK

Torbey et al. Evidence-Based Guidelines for the Management of Large Hemispheric Infarction. Neurocritical Care 2015.