Trials apresentados hoje na ESOC 2018

Muitos trials.

Definitivamente, este congresso a cada ano se supera. Uma leva boa dos grandes estudos em andamento foi apresentada pela manhã em Gothemburg, com concomitantes publicações em algumas revistas médicas, a saber: 4 papers na NEJM, um na Nature, um na Lancet e outro na Lancet Neurology… Apenas.

Muita coisa. Interessantes e que podem mudar alguns aspectos da nossa prática do AVC. Abaixo, listo os principais.

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NAVIGATE-ESUS

— Paper na NEJM AQUI.

WAKE-UP

— Paper da NEJM AQUI.

POINT

— Paper na NEJM AQUI.

TICH-2. 

— paper TICH-2 na Lancet AQUI.

SETIN-HYPERTENSION

MEGASTROKE

CROMIS-2

— paper na Lancet Neurology AQUI.

TIA REGISTRY. Artigo da NEJM AQUI. 

Tenecteplase x alteplase: The battle begins!!!!

Publicado o estudo EXTENDED-IA TNK, na NEJM, que avaliou a não-inferioridade da tenecteplase (dose 0,25mg/kg, máxima dose 25mg) em relação à terapia trombolítica de primeira linha – a única até então, a alteplase (rTPA), na sua dose habitual e na janela de tempo normal (até 4,5h).

Estudo positivo para não-inferioridade e superioridade (p=0,002 e 0,03, respectivamente), com segurança (desfechos de sangramento) similares.

Agora a questão é a seguinte: Sendo a TNK melhor, sabemos que é mais cara…

Em breve, analisaremos aqui a custo-efetividade, a diferença de custo entre as duas drogas.

Hoje na nossa reunião semanal surgiu a dúvida: será que 25mg de TNK é muito mais caro que 2 frascos de rTPA (dose usualmente aberta para fazer a trombólise nos moldes que fazemos atualmente)?

Mais uma droga para evitar Resultado de imagem para emoji mão apontando…?

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Campbell et al. Tenecteplase versus Alteplase before Thrombectomy for Ischemic Stroke. NEJM 2018. 

Marijuana e Vasoconstricção Reversível: Há correlação?

Perguntinha e discussão muito legal hoje no ambulatório, com base em um caso levado pelos nossos fellows. Pode haver RCVS (síndrome da vasoconstricção cerebral reversível – sigla em inglês) por uso de maconha?

Poder, pode. Mas temos que saber que não é uma causa frequente. Outras substâncias (cocaína, vasoconstrictores, anfetaminas, triptanos, IRSS) são mais descritas como triggers da síndrome.

   >> TC crânio: HSA cortical típica de RCVS.

Lembrando: se o paciente tiver sintoma agudo de cefaleia em trovão, recorrente, súbita, intensa, inédita, junto com uma HSA cortical, ele praticamente leu o livro antes de vir conversar com você. Esta é a apresentação de uma RCVS típica.

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Ducros et al. The clinical and radiological spectrum of reversible cerebral vasoconstriction syndrome. A prospective series of 67 patients. Brain 2007.

Wagner et al. The Impact of Marijuana Legalization on Reversible Cerebral Vasoconstriction Syndrome. Neurology 2016. Poster apresentado no congresso da AAN em 2016.

Uhegwu et al. Marijuana induced Reversible Cerebral Vasoconstriction Syndrome. J Vasc Interv Neurology 2015.

Desculpas, e Felicidade…

Hoje durante o dia quase todo, o site ficou fora do ar para migração de host.

Trocamos o host para melhorar a experiência do usuário e aumentar a rapidez da navegação. O trabalho é hercúleo, considerando que esta que vos escreve é quem faz, sozinha, apenas com o suporte técnico do host, sem programador, sem desenvolvedor, com os pequenos conhecimentos em HTML, WP e de webdesign que tenho…

Paciência. Enquanto estamos ajudando os neuros na sua prática e atualização, tá valendo!

Mas o melhor do dia foi um colega querido ter me ligado no meio da tarde, perguntando: “Marinha, teu site está fora do ar!? Não pode!!!! Eu o uso muuuito!””

Poxa… Com essa ganhei o dia.

Beijos a todos.

Terapias alternativas… O SUS tem. Mas as terapias de verdade…

Estou em outro planeta. Só pode ser. O SUS já tinha colocado no seu rol de tratamentos, as tais terapias alternativas, como yoga e afins, desde 2006.

Tudo bem, há benefícios em certa parte da população. Mas há de se dar o básico, o que está cientificamente comprovado.

Esta semana, anunciaram a inclusão de 10 novas modalidades dos tratamentos alternativos: agora os doentes do SUS terão Florais, Cromoterapia, Hipnoterapia, Ozonioterapia, Aromaterapia, e mais as seguintes (deixei relacionados com a descrição, pois nem sabia do que se tratava):

Apiterapia – método que utiliza produtos produzidos pelas abelhas nas colmeias como a apitoxina, geléia real, pólen, própolis, mel e outros.

Bioenergética – visão diagnóstica aliada à compreensão do sofrimento/adoecimento, adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos. Ajuda a liberar as tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos.

Constelação familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.

Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usado em ferimentos, cicatrização, lesões, doenças osteomusuculares.

Imposição de mãos – cura pela imposição das mãos próximo ao corpo da pessoa para transferência de energia para o paciente. Promove bem estar, diminui estresse e ansiedade.

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Ou seja, colocar argila no corpo dos pacientes, produtos de abelhas, e imposição das mãos, o SUS quer dar.

Agora, biológicos para NMO grave, medicamentos corretos para pacientes com EM, antiepilépticos potentes para epilepsia refratária, anticoagulantes de nova geração que funcionam melhor e sçao mais seguros do que a varfarina, e trombectomia para oclusão de grandes vasos em AVCi grave agudo, cujo NNT é 2,5 — CADÊ!?!?!?!

Em qualquer país do mundo, isso só poderia ser piada.

De mau gosto.

Aqui no Brasil, foi uma das notícias do dia.

Sentemos, e choremos.

Guideline europeu sobre Trombose Venosa Cerebral

tags: TVC; trombose venosa cerebral; tratamento de trombose venosa cerebral; heparina na trombose venosa cerebral; tratamento; TVC.

Atenção pessoal… Em trombose venosa cerebral, é somente anticoagular por 6m a um ano, colher exames de trombofilias e acabou!?

Não é bem assim. Tem muitas coisas novas na literatura, estudos observacionais, controlados, metanálises, analisando os aspectos principais do diagnóstico e do tratamento, incluindo os esquemas de tratamento diferentes que existem hoje na prática clínica.

Várias coisas mudaram na doença TVC que temos em mente, de 10-15 anos atrás…

Perguntinhas básicas, como: Coletar ou não pesquisa de trombofilias, e quando coletar? Fazer ou não screenning para neoplasias? Quanto tempo anticoagular? Podemos usar os anticoagulantes novos? Qual terapia é a melhor na fase aguda? Trombólise ou trombectomia funciona?

Abaixo, algumas respostas que podem nos ajudar. Leiturinha obrigatória.

LINKS

Trombose Venosa Cerebral. Leitura rápida sobre a doença, direcionada para o leigo, pacientes e familiares.

Ferro et al. European Stroke Organization guideline for the diagnosis and treatment of cerebral venous thrombo sis endorsed by the European Academy of Neurology. Eur J Neurology 2017.

Artigos de revisão sobre encefalites autoimunes

Atenção neuros hospitalistas, atenção Dra. Lívia Dutra! Essa vocês irão adorar!!!!!

Assunto importante – encefalites autoimunes – que tem que estar no nosso HD, guardadinho, e – o principal – com as terapias ATUALIZADAS, sobretudo por quem faz retaguarda de Neurologia clínica nos hospitais! Apesar de ser doença mais rara, a suspeição clínica é de fundamental importância, e tem que ser o mais precoce possível, para instituir logo o tratamento, e conseguirmos minimizar as sequelas ao máximo!!!!

Em janeiro de 2018, já tinha sido publicada uma revisão do grupo brasileiro, na Arquivos de Neuropsiquiatria, completíssima e extremamente atualizada e didática.

Hoje saiu um outro artigo de revisão show, publicado na NEJM, explicando tudo o que a nossa competentíssima Dra. Lívia Dutra, professora afiliada da UNIFESP e responsável pelo ambulatório de encefalites da disciplina de Neurologia de lá, já nos fala no dia-a-dia, nos casos que temos visto ultimamente… A seguir, os links…

Divirtam-se!

LINKS

Dutra et al. Autoimmune encephalitis: a review of diagnosis and treatment. Arq Neuropsiquiatria 2018. 

Dalmau e Graus. Antibody-Mediated Encephalitis. NEJM 2018.

HERMES Collaboration Group publica: Anestesia geral é pior para trombectomia

Publicado em janeiro de 2018. Lancet Neurology.

Usou 7 estudos controlados de trombectomia, totalizando 871 pacientes tratados com trombectomia.

O desfecho medido do escore de Rankin em 3 meses foi melhor em quem não foi submetido a anestesia geral.

LINKS

Campbell et al. Effect of general anaesthesia on functional outcome in patients with anterior circulation ischaemic stroke having endovascular thrombectomy versus standard care: a meta-analysis of individual patient data. The Lancet Neurology 2018. 

Metanálise da Lancet revisa a eficácia dos antidepressivos

Dia-a-dia de um consultório de neurologia: diagnóstico, manejo e prescrições de antidepressivos…

Devia estar na água de populações urbanizadas? Talvez… Mas o fato é que temos que dominar este tema… Indicações, classes das drogas, efeitos adversos, quais são mais indicados para os diferentes transtornos…

Há 3 dias, o jornal The Lancet publicou, com acesso livre – PDF AQUI, uma metanálise de 552 estudos clínicos que avaliaram mais de 116 mil pacientes, apenas incluindo estudos em adultos.

O resultado?

Ainda não li tudo. Mas parece-me que há algunhas surpresinhas. Alguns IRSS considerados bam-bam-bans atualmente, foram “reprovados”…

LINKS

Cipriani et al. Comparative efficacy and acceptability of 21 antidepressant drugs for the acute treatment of adults with major depressive disorder: a systematic review and network meta-analysis. The Lancet 2018.