Consenso sobre Monitorização Multimodal intracraniana publicado!

Saiu.

A revista Neurocritical Care publicou em 10 de setembro último um consenso internacional, concomitantemente com a apresentação do paper no congresso em Seattle.

O artigo estará disponível apenas para assinantes da revista e membros da NeuroCritical Care Society. Além dele, outros papers falando sobre os diferentes tipos de monitorização também foram publicados. Muitas coisa para estudarmos nas próximas semanas!

Ainda não li. Apenas assisti a apresentação que ocorreu aqui em Seattle. A maioria das recomendações e opiniões do artigo apresentam níveis de evidencia questionáveis, como muitas das coisas em Neurointensivismo… E comentam basicamente sobre as indicações dos diferentes tipos de monitorização, sem detalhamento sobre terapias. Quem quiser dar sua opinião sobre o artigo e sobre as “novas” recomendações, mandem-me o email com suas observações e terei o maior prazer em publicá-las aqui!

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LINK

Le Roux et al. Consensus Summary Statement of the International Multidisciplinary Consensus Conference on Multimodality Monitoring in Neurocritical Care. Neurocritical Care 2014.

Todos os papers do grupo:::: CLIQUE AQUI, e navegue na homepage de publicações Online First…

Crédito da foto: www.academiska.se.

Fingolimod melhora desfechos clínicos e reduz edema em hematomas intracranianos. O que?! Tem certeza?!

Por Maramelia Miranda

Sim! Não há nenhum erro no título da notícia. Um estudo muito “estranho” foi recentemente publicado na JAMA Neurology…

Assim que vi o resumo, pensei logo: Seraaaaá?!?!?!?!!?:!

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Que esquisito… O mesmo medicamento oral usado para esclerose múltipla – o fingolimod (Gilenya) – foi testado por pesquisadores chineses, com o racional de que os seus efeitos antiinflamatórios podem reduzir o edema peri-hematoma e consequentemente a lesão cerebral secundária a este, presente na hemorragia intracerebral.

ICH-CT

 

Ying Fu e seus colegas publicaram os resultados do uso de fingolimod em um pequeno grupo de pacientes com AVCh supratentorial, com volumes de hematoma variando de 5 a 30ml, testando dois braços de tratamento:

  • ativo, com fingolimod por 3 dias + tratamento conservador convencional;
  • tratamento conservador apenas.

O estudo foi aberto, cego apenas para os avaliadores dos desfechos. A dose usada foi de 0,5mg ao dia por 3 dias, administrada até o máximo de 1h da primeira TC de crânio, até o máximo de 4 dias (72h) após o início dos sintomas do AVCh. 

Os pacientes tratados com a droga tiveram menor incapacidade neurológica. Os números apresentados são meio… Como posso dizer?! São números “inacreditáveis”!!!!!… Chocantes. Nem vou traduzir os resultados do texto. Farei a transcrição exata do que está escrito no Abstract para que vocês possam ler com seus próprios olhos::::

Results.  Patients treated with fingolimod exhibited a reduction of neurologic impairment compared with control individuals, regained a Glasgow Coma Scale score of 15 by day 7 (100% vs 50%, P = .01), and had a National Institutes of Health Stroke Scale score reduction of 7.5 vs 0.5 (P < .001). Neurologic functions improved in these patients in the first week coincident with a reduction of circulating lymphocyte counts. At 3 months, a greater proportion of patients receiving fingolimod achieved full recovery of neurologic functions (modified Barthel Index score range, 95-100; 63% vs 0%; P = .001; modified Rankin Scale score range, 0-1; 63% vs 0%; P = .001), and fewer reported ICH-related lung infections. Perihematomal edema volume and rPHE were significantly smaller in fingolimod-treated patients than in control individuals (Ev at day 7, 47 mL vs 108 mL, P = .04; Ev at day 14, 55 mL vs 124 mL, P = .07; rPHE at day 7, 2.5 vs 6.4, P < .001; rPHE at day 14, 2.6 vs 7.7, P = .003, respectively). We recorded no differences between groups in the occurrence of adverse events.”

Resumindo o texto aí, o que relatam no abstract é o seguinte:

  • Escala de coma de Glasgow de 15 pontos no dia 7 em todos os casos do grupo ativo, versos 50% no controle;
  • Queda da escala do NIH de 7,5 pontos vs 0,5 (P < 0,001);
  • Barthel entre 95-100 pontos em 63% vs 0% (P = 0,001);
  • Rankin de 0-1 em 3% vs 0% (P = 0,001);
  • Edema perihematoma menor no grupo que usou a droga (todos os achados com p significativo).

Impressões

Gente… É o seguinte: não li o artigo inteiro ainda, mas é espantosa a diferença entre o tratamento ativo e o grupo controle relatada… O estudo ainda está em andamento, recrutando pacientes, é fase 2. Pelo site www.clinicaltrials.gov, este trial na verdade está registrado para testar o fingolimod tanto em AVCh – hematomas, quanto em AVCi, do tipo TOAST aterosclerótico de grandes artérias!!!! 

Os resultados apresentados referem-se a um grupo bem pequeno de pacientes. Compararam 11 pacientes que usaram a droga versus 12 controles. O estudo foi “open-label” (não duplo-cego).

As escalas usadas para medidas de desfechos são a escala de comas de Glasgow (achei meio estranho esta escala entrar como medida de desfecho), além do Barthel, NIHSS e Rankin. E outro detalhezinho bem importante: no site de registro, não há financiamento pela indústria – leiam o resumo do trial AQUI (www.clinicaltrials.gov).

Ou seja, um estudo realmente inédito, aparentemente bem inovador, e um tanto provocador para as nossas mentes acostumadas com o razoável e a lógica. Será uma luz no fim do túnel de uma doença sem nenhum tratamento específico até hoje?!

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Alguém que tiver acesso a essa revista, poderia me mandar este artigo, please!? Estou algo confusa (e chocada…). 

PS. Tem editorial da JAMA comentando o estudo.

LINKS

Fu et al. Fingolimod for the Treatment of Intracerebral HemorrhageA 2-Arm Proof-of-Concept Study. JAMA Neurology 2014.

Sheth & Rosand. Targeting the Immune System in Intracerebral Hemorrhage. JAMA Neurology 2014.

Estudo STASH aposenta de vez a sinvastatina: Entenda tudo aqui!!!

Por Daniel Bezerra e Maramelia Miranda

O Estudo STASH foi desenhado para avaliar uma tese recorrente no Neurointensivismo: As estatinas funcionam para prevenir vasoespasmo em hemorragia subaracnoidea, ou para melhorar desfechos clínicos?

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O estudo multicêntrico, duplo-cego, prospectivo, envolvendo 803 pacientes em 9 países, teve financiamento público (nada de indústria), e testou placebo versus sinvastatina 40mg ao dia, nos casos de HSA randomizados até 96 horas do icto.

O desfecho medido foi a escala de Rankin modificada em 6 meses, tendo sido favorável (mRS 0-2) em 271 casos do grupo ativo versus 289 do placebo (cerca de 70% dos casos). Houve 37 (10%) mortes no grupo da sinvastatina e 35 (9%) no placebo (p=0,59).

Conclusão dos autores: O STASH trial não detectou benefício no uso de sinvastatina nos desfechos a curto ou longo prazo em pacientes com HSA. 

Conclusão nossa: Mais uma batalha pedida. Esqueçam a estatina na HSA. O que podemos fazer para os nossos casinhos de vasoespasmo e HSA!?

LINKS

Kirkpatrick et al, for STASH Trial. Simvastatin in aneurysmal subarachnoid haemorrhage (STASH): a multicentre randomised phase 3 trial. Lancet Neurology 2014.

MacDonald RL. Are statins to be STASHed in subarachnoid haemorrhage? Lancet Neurology 2014.

 

ARUBA Trial: O que é melhor nas MAVs assintomáticas?

Por Maramelia Miranda (Atualizado em Fev 2016)

Ainda é o tratamento clínico.

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Esta foi a conclusão dos resultados do estudo ARUBA, até o momento o maior estudo prospectivo e controlado a analisar as intervenções possíveis hoje (tratamento médico, cirúrgico, endovascular e radiocirúrgico) para este tipo de lesão vascular.

+++ Estudo ARUBA em 2016: Não tratar MAVs assintomáticas

O ARUBA foi inicialmente apresentado no congresso europeu do ano passado, e noticiamos os seus iniciais resultados aqui no nosso Blog. Na época, muitas críticas de neurocirurgiões e intervencionistas a respeito do seguimento curto destes pacientes e sobre a possibilidade dos casos mais jovens terem maior risco de sangramento futuro, com desfechos desfavoráveis médio ou longo prazo. Agora os dados foram discutidos em Nice, no European Stroke Conference deste ano, ocorrido semana passada, e publicados na edição de fevereiro de 2014 da revista Lancet.

Dos 223 pacientes incluídos no trial, com uma média de seguimento de 33 meses, 114 casos foram tratados com intervenções e 109 conservadoramente (medicações para sintomas clínicos).

10·1% dos pacientes do grupo clínico atingiram o end-point primário de morte ou AVC; no grupo submetido às intervenções, 30·7% (não à toa o NIH mandou interromper o estudo antes do n calculado e planejado…).

O risco do desfecho analisado (morte ou AVC) foi significativamente maior no grupo de tratamento invasivo (HR 0·27, 95% CI 0,14-0,54). O número de AVCs (45 vs 12, p<0,0001) e déficits neurológicos não relacionados ao AVC (14 vs 1, p=0,0008) foi bem menor no grupo submetido ao tratamento clínico.

Os neurocirurgiões vasculares irão detestar; os neurorradiologistas intervencionistas, pior ainda… Mas é a tal história… Estatística é estatística. Evidência é evidência. E quando um trial é financiado pelo NIH e NINDS, realmente ficamos rendidos sob o contexto de uma confiável imparcialidade científica, nem sempre vista em estudos financiados pela indústria.

Para quem quiser conferir o estudo inteirinho, mais links abaixo.

LINKS

Mohr et al. Medical management with or without interventional therapy for unruptured brain arteriovenous malformations (ARUBA): a multicentre, non-blinded, randomised trial. Lancet 2014.

Novos dados do Estudo ARUBA apresentados em 2016 – Estudo ARUBA em 2016: Não tratar MAVs assintomáticas

tags: MAV, malformação arteriovenosa, tratamento cirúrgico, embolização, radiocirurgia, neurointervenção, MAV incidental, assintomático.

Guideline de prevenção secundária do AVCi e AIT 2014: publicado!!!

Atualizem seus slides e apresentações…

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A American Heart Association e American Stroke Association republicaram, como fazer a cada 2-3 anos, o seu guideline de diretrizes para prevenção secundária de AVCi ou AIT. O documento foi publicado online na página da AHA/ASA na semana passada. 

Entre as mais importantes novas recomendações, destacaria:

>> Várias atualizações sobre o tratamento de estenoses intracranianas baseadas em sub-estudos do WASID e resultados do SAMMPRIS (manejo da pressão arterial, terapia de angioplastia contraindicada, uso de dupla antiagregação, etc…);

>> Novas diretrizes sobre a investigação e o tratamento de síndrome da apneia do sono em pacientes com AVCi ou AIT;

>> A importância da triagem de diabetes (com Hb glicada e glicemia de jejum), sedentarismo e obesidade (IMC) nesta população, bem como orientação e encaminhamento para avaliação nutricional e ou física dos casos positivos;

>> Recomendações de uso de warfarina, apixaban e dabigatran (Classe IA, NE A e IA, B) como terapias primariamente indicadas para os casos cardioembólicos secundários à FA, inclusive sub- classificando as diferentes novas drogas anticoagulantes (apixaban e dabigatran melhores do que o rivaroxaban). 

>> Uso de monitorização prolongada (7-30 dias) para detecção de FA em casos de AVCi ou AIT indeterminados, nos últimos 6 meses do icto;

>> Uso de dupla antiagregação em fase aguda de AVCi minor ou AIT a partir das primeiras 24 horas até 90 dias;

>> Considerar a idade dos pacientes na escolha de métodos de revascularização (endarterectomia ou angioplastia) na doença aterosclerótica carotídea.

>> Pormenorizar a avaliação dos casos de AVCi ou AIT e única fonte possível de etiologia sendo FOP.

Ou seja, parece ter sido uma atualização bem produtiva dop ponto de vista de mudanças a partir do anterior documento (datado de 2011).

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Boa leitura!
LINKS 

Kernan et al. Guidelines for the Prevention of Stroke in Patients With Stroke and Transient Ischemic Attack. A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke 2014.

Custo-efetividade da neuroimagem no AIT: Boa discussão!

Imaginem só: O doente chega ao PA ou pronto-socorro com sintomas clássicos de AIT (Ataque Isquêmico Transitório): início súbito, déficit focal, duração de minutos, reversão completa, exame neurológico normal na admissão. Você pede ou, se estiver na retaguarda neurológica daquele lugar, orienta o colega emergencista a fazer uma tomografia, mas já sabe: aquela TC de crânio não vai dar nada!

É exatamente isso! É isso o que acontece nos casos de AIT na emergência. O que fazer então, para reduzir este custo absolutamente fútil nas contas da saúde de um sistema?

Sidorov, Feng e Selim respondem à pergunta em um interessante artigo publicado na revista de acesso livre Cerebrovascular diseases Extra deste mês.

Estudo

Retrospectivo, os neurologistas avaliaram prontuários e contas médicas de 82 casos de AIT atendidos no PS do Beth Israel Deaconess Medical Center em dois anos (2009 a 2011). Os autores dividiram os pacientes vistos em dois grupos: os que fizeram TC + angioTC do crânio e pescoço (grupo 1); e os que fizeram RM crânio e um estudo de vasos (AngioRM ou AngioTC) adicional (grupo 2).

Usaram como desfechos do estudo a necessidade de ajuste terapêutico do tratamento preventivo e procedimento de revascularização indicada (endarterectomia ou angioplastia / stenting), e realizaram análises de custo-efetividade e custo-minimização dos procedimentos realizados.

Resultados

Todos os casos fizeram TC na entrada, e 59 deles prosseguiram para RM. Os pacientes dos grupos 1 (n=23) e 2 (n=59) foram semelhantes em características clínicas, demográficas, etiologia do evento, ajustes de tratamento e indicação de procedimentos de revascularização. 

Todas as TCs de crânio vieram sem alterações agudas (como esperado!!!). 44% dos casos que foram para RM tiveram AVCi pequenos agudos. O custo médio da neuroimagem na população estudada foi estatisticamente diferente (P< 0,01)

  • Nos casos que fizeram TC + AngioTC = USD 1.460
  • Casos com TC + RM + AngioRM = USD 1.569
  • Casos com TC + AngioTC + RM =USD 2.090

Os autores concluem polidamente que “estudos clínicos prospectivos são necessários para confirmar os achados de sua pesquisa”. Para o bom entendedor, para quem pensa no custo da saúde e no futuro deste mercado a longo prazo, refletindo preventivamente para que os nossos filhos e netos possam um dia pagar seus próprios planos de saúde sem depender exclusivamente de planos corporativos… A mensagem está claríssima.

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TC de crânio no AIT: Fútil?! Vamos fazer Neurologia Inteligente!

LINKS

Sidorov et al. Cost-Minimization Analysis of Computed Tomography versus Magnetic Resonance Imaging in the Evaluation of Patients with Transient Ischemic Attacks at a Large Academic Center. Cerebrovascular Diseases Extra 2014.

 

Hemicraniectomia descompressiva para AVC maligno da Cerebral Média: O que fazer em mais idosos?

Por Maramelia Miranda

Eu adoro filosofar, vocês sabem…

E quando um artigo destes é publicado, sempre estes meus pensamentos voltam.

Volta aquela eterna discussão até onde ir com a evidência científica, do custo-benefício de uma terapia, de quais as nossas filosofias e visões do que é vida, e aquilo que muito se discute: da dignidade da vida… O que é prática médica, o que é bom senso, como aliar estas duas coisinhas… 

Hoje cedo, as colegas neurologistas antenadíssimas – Gisele Sampaio (SP / UNIFESP) e Letícia Rebello (Hospital de Base / DF) me escreveram falando do artigo publicado na NEJM esta madrugada, com os resultados do Destiny II, que avaliou a hemicraniectomia descompressiva no AVCi maligno da artéria cerebral média. Os resultados deste trial foram apresentados primariamente no ano passado em congresso, e estávamos aguardando esta publicação havia uns meses…

Estudo

O Destiny II avaliou a terapia de hemicraniectomia descompressiva no AVCi maligno da artéria cerebral média, em maiores de 60 anos. A hipótese é que tal terapia traria os benefícios demonstrados nos trials anteriores sobre este tema (HAMLET, DESTINY e DECIMAL) e na análise combinada dos 3 trials., testados nos mais jovens (< 60 anos).

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O grupo alemão, que inclui nomes conhecidos como Eric Jüttler, Andreas Unterberg, Julian Bösel, Johannes Woitzik e Werner Hacke, avaliou pacientes com mais de 61 anos (idades entre 61-82 anos) para os braços de terapia conservadora versus hemicraniectomia descompressiva. O desfecho primário avaliado foi sobrevivência sem incapacidade severa (Rankin 0 a 4). A terapia testada (cirúrgica) foi benéfica para este outcome:  o grupo submetido à hemicraniectomia teve 38% dos casos sem incapacidade severa, vs 18% nos controles (OR 2.91; 95% CI, 1.06 – 7.49; P=0.04). A mortalidade foi menor no grupo cirúrgico (33% vs. 70%).

Ninguém (nenhum dos grupos de tratamento) teve um Rankin de 0 a 2. Apenas 7% dos pacientes do grupo cirúrgico e 3% do grupo controle ficaram com Rankin de 3. Dos pacientes operados, 60% tiveram Rankin 4 ou 5, e 28% do grupo controle tiveram este desfecho funcional.

Conclusões

Cada um que tire as suas. Eu tenho a minha (quem me conhece sabe qual é!  🙂 ).

Prefiro terminar este post com uma frase muito interessante dos autores do artigo, extraída do texto da discussão do paper: 

Destiny II main sentence

sentence destinyQueria descobrir quem foi autor desta frase. Resumiu tudo.

LINKS

Juttler et al. Hemicraniectomy in Older Patients with Extensive Middle-Cerebral-Artery Stroke. NEJM 2014.

Ropper A. Hemicraniectomy — To Halve or Halve Not. NEJM 2014 (Editorial).

 

Classificação SMASH-U para Hematomas Intracranianos

Por Hugo Resende e Maramelia Miranda

Publicada em 2012 pelo grupo de neurovasculares finlandeses (Meretoja et al), esta proposta de classificação dos hematomas intraparenquimatosos é bastante interessante, usa um termo mnemônico para classificar os casos, e consegue categorizar os hematomas intraparenquimatosos (HIP) em quase todas as principais etiologias. Os autores do artigo original avaliaram 1013 pacientes com HIP. Vejam como é a classificação SMASH-U (deixei os termos em inglês para melhor lembrança:

S – “Structural lesions”

M – Medicamentoso (antitrombóticos/anticoagulantes)

A – Angiopatia amilóide

S – “Systemic disease”

H – Hipertensivo

U – “Undetermined”

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SMASH-U: Será uma espécie de “Toast” do AVCh?!

LINKS

Meretoja et al. SMASH-U: a proposal for etiologic classification of intracerebral hemorrhage. Stroke 2012.

 

Screening em familiares com aneurisma cerebral: Quando fazer?

Por Maramélia Miranda

Vejam que interessante: grupo de pesquisadores holandeses avaliaram os pacientes com HSA por ruptura de aneurisma cerebral, especificamente os indivíduos que tinham dois ou mais familiares de primeiro grau com este diagnóstico. O follow-up do estudo de coorte foi de 10 anos consecutivos (2003 a 2013). Os métodos de screening usados foram angioressonância ou angiotomografia (exames não invasivos). Os resultados do estudo foram publicados recentemente online ASAP pela Lancet Neurology.

Resultados

Bor e seus colegas de pesquisa encontraram algumas coisas já classicamente descritas na literatura a respeito deste tema: os fatores de risco mais relevantes encontrados na população com exames positivos no primeiro screening foram tabagismo (OR 2,7; 95% CI 1,2-5,9), história de aneurisma prévio (OR 3,9, CI 1,2-12,7) e história familiar de aneurisma cerebral (3,5, 1,6-8,1).

A frequência de diagnóstico de aneurismas cerebrais foi de 11% no primeiro screening (n=458, 95% CI 9-14), de 8% (CI 5-12) no segundo screening (n=261), 5% (CI 2-11) no terceiro screening (n=128) e novamente 5% (CI 1-14) no quarto screening (n=63).

História de aneurisma cerebral prévio foi o único fator de risco com significância estatística para o achado de aneurisma cerebral no screening de seguimento (HR 4·5, CI 1·1—18·7). Em jovens < 30 anos que foram investigados (n=129), aneurismas foram identificados em 5% (95% CI 2-10).

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Os autores concluem o seguinte::: Em indivíduos com história familiar de aneurisma cerebral, o follow-up prolongado (maior de 10 anos) é justificado, mesmo quando dois exames iniciais são normais. Para quem quiser ler o artigo todo, vejam o LINK abaixo. Há também um comentário – editorial, escrito por Andrew Molyneux.

O que vocês acham disso?

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LINK

Bor et al. Long-term, serial screening for intracranial aneurysms in individuals with a family history of aneurysmal subarachnoid haemorrhage: a cohort study. Lancet Neurology 2014.

Molyneux AJ. Is screening of relatives for cerebral aneurysms justified?